Pode dizer-se que o mundo paranóico e confuso do romancista John Irving triunfa sobre a capacidade do sueco Lasse Halstrom para encontrar um antídoto para a constante implosão do tecido ficcional. O cineasta, com provas dadas na gestão de pequenas ficções familiares e com interessantes incursões no complexo mundo da infância, sossobra no momento em que se abandona o espaço microcósmico do orfanato, nunca encontrando o tom exacto para se adaptar a um estranho esboço de "americana", na casa da cidra do título original. Porém, é injusto ignorar a densidade de alguns momentos da primeira parte e, sobretudo, a perturbante criação de Michael Caine. Aliás, tanto a tentativa de delimitar os limites da intervenção social num mundo em decomposição, quanto à definição (embora por vezes falhada) de personagens, contrariam qualquer tipo de crítica totalitária, incapaz de entender que as produções industriais americanas não se dividem entre obras-primas e filmes nulos, privilegiando antes uma "áurea mediania".
Gerir notificações
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Gerir notificações
Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo.
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Notificações bloqueadas
Para permitir notificações, siga as instruções: