Ruiz diz que não "adaptou" Proust, "adoptou-o" - estratégia para admirar -, no sentido em que toda a sua obra de cineasta (os jogos com os duplos, o labirinto, a memória como experiência mais forte do que o próprio acontecimento) foi uma espécie de preparação para este encontro, e no sentido, ainda, de que Ruiz vê na escrita de Proust processos cinematográficos que entroncam no lado Méliès do seu cinema. Mas o resultado é decepcionante: um catálogo de "bricolage", abrilhantado por vedetas (de Deneuve a Malkovich, que são péssimos, passando por Pascal Greggory ou Edith Scob - esta maravilhosa). Ruiz convocou-as mas o filme é desoladoramente desabitado. Não há personagens. Sim, as personagens de Proust são "fantasmas". Mas são "presenças", enquanto que o que se instaura em "O Tempo Reencontrado" é a experiência gelada do aleatório.
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