Uma Nova Esperança

Os mecanismos do melodrama funcionam desde o início do filme, socorrendo-se, inclusive, da intrusão de um "show" televisivo, imitação mitigada do famoso programa de Jerry Springer, a apresentar um adultério em directo. O regresso ao Texas tem a contribuição da fabulosa Gena Rowlands em mais uma mãe inesquecível, desta vez uma estranha empalhadora de animais, excêntrica figura num mundo de ternuras repartidas, unificadora de uma família em desagregação: uma filha ausente, um marido catatónico, um neto problemático, que se refugia no fingimento das máscaras, uma neta inconformada com a separação dos pais. Moldando-se a um argumento bem construído, com personagens ricas e bem definidas, o filme defende-se mas recusa maiores voos, acabando por se reduzir a uma monotonia narrativa, análoga à do pequeno microcosmos que analisa. Se não fosse o brilho dos actores (provavelmente a melhor prestação de Sandra Bullock), este simpático filmezinho arriscaria a indistinção. Assim, funciona num registo menor, sempre na escala do sentimento, e acaba por fornecer um interessante retrato de uma pequena cidade da América profunda. Nada de muito original, nada de muito excitante.

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