Oscar e Lucinda

Depois de uma interessante adaptação de "Mulherzinhas", Gillian Armstrong defronta-se de novo com o filme de época, embora sem a caução de um clássico: em "flash back" constrói-se a narrativa paralela de duas personagens, inicialmente separadas pelo espaço geográfico e cultural e cultural e reunificadas por uma comum paixão compulsiva pelo jogo. Os problemas começam, aliás, na dificuldade em resolver a excessiva fragmentação que nos conduz de forma quase aleatória do Oeste de Inglaterra para a Austrália, em busca da metade que convém. A confusão narrativa prossegue, porém, depois da reunião no barco, por via das constantes deambulações, multiplicando histórias e fracções de histórias. Tudo fica, assim, ao nível das superficialidades: a questão religiosa entre a Igreja Anglicana e as seitas fundamentalistas, o moralismo patético da sociedade, o amor entre Óscar e Lucinda (quase sempre reduzido ao anedótico da febre do jogo) ou o primitivismo da colonização australiana. Nem o excelente actor que é Ralph Fiennes, irreconhecível sob uma caracterização ridícula, consegue escapar à desgraça universal de um filme sem rei nem roque.

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