Desmantelada uma das redes de fraude mais sofisticadas do mundo

Cidadão russo acusado de liderar ataques com a botnet GameOver Zeus e o vírus chantagista CryptoLocker.

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Kacper Pempel/Reuters

O FBI e a Europol acusaram um cidadão russo de ter roubado mais de 100 milhões de dólares (73 milhões de euros) através da botnet GameOver Zeus, onde utilizou vários computadores ligados em rede para correr um vírus automaticamente, o que terá afectado até um milhão de computadores em vários países. Além de desmantelar a botnet, foram apreendidos servidores essenciais para a propagação do CryptoLocker, um vírus ransomware, programa informático malicioso que limita o acesso a um computador e exige um resgate para que a situação seja resolvida.

Evgeniy Mikhailovich Bogachev, 30 anos, de Anapa, Federação Russa, está na lista do FBI dos hackers mais procurados. É considerado o líder na base da GameOver Zeus, um tipo de vírus extremamente sofisticado, desenhado especificamente para roubar credenciais bancárias ou outras dos computadores infectados, e entra através de spam no e-mail ou de mensagens de phishing.

O FBI indica que Bogachev, também conhecido como lucky12345, slavik e Pollingsoon, foi identificado em tribunal como o cabecilha de um grupo de cibercriminosos com base na Rússia e Ucrânia responsável por ataques com GameOver Zeus e Cryptolocker.

O principal objectivo do GameOver Zeus era utilizar as informações retiradas dos computadores para “iniciar ou redireccionar transferências em rede para contas no estrangeiro controladas por criminosos”, explica o FBI numa nota divulgada na noite de segunda-feira. Esses desvios renderam mais de 100 milhões de dólares, segundo estimativas do FBI e da Europol.

Além da botnet GameOver Zeus, a investigação das autoridades norte-americanas e europeias apreendeu servidores que serviam para espalhar o CryptoLocker. A Europol recorda que em Outubro do ano passado já tinha lançado um alerta sobre o vírus, que encripta todos os ficheiros do computador da vítima, que exigia o pagamento de 750 dólares (550 euros) ou mais para enviar a password para desbloquear os ficheiros. Segundo dados de Abril, o CryptoLocker terá infectado mais de 234 mil computadores e os pagamentos feitos por vítimas nos dois primeiros meses em que foi lançado terão rendido cerca de 27 milhões de dólares (20 milhões de euros).

O director executivo assistente do FBI, Robert Anderson, sublinhou no comunicado da polícia federal norte-americana que “GameOver Zeus é a botnet mais sofisticada que o FBI e os seus aliados tentaram desmantelar alguma vez”.

Na operação participaram investigadores norte-americanos, mas também do Canadá, França, Itália, Japão, Luxemburgo, Alemanha, Nova Zelândia, Holanda, Ucrânia e Reino Unido. O director do Centro Europeu de Cibercrime, Troels Oerting, considera que a operação foi “um importante teste à capacidade de actuar rapidamente, decididamente e de forma coordenada dos Estados-membros da União Europeia contra uma rede criminosa perigosa”.

Por sua vez, o vice-procurador-geral norte-americano James Cole sublinhou que a investigação foi uma combinação de “técnicas tradicionais de reforço da lei e medidas técnicas avançadas necessárias ao combate de esquemas altamente sofisticados de cibercrime contra cidadãos e empresas”.

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