La décima é uma realidade

Atlético estava em vantagem nos instantes finais da partida, mas Ramos forçou o prolongamento e aí o Real Madrid garantiu o título de campeão europeu.

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Casillas saiu em falso no lance do golo de Godín Sergio Perez/Reuters
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Sergio Ramos festeja o empate, já no tempo extra Kai Pfaffenbach/Reuters
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Bale cabeceia para o 2-1, após grande jogada de Di María Francisco Leong/AFP
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Ronaldo celebra o quarto golo do Real Madrid Francisco Leong/AFP
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Sergio Ramos em pose tauromáquica nos festejos Sergio Perez/Reuters
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O momento do erguer do troféu Michael Dalder/Reuters
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O Real Madrid voltou a ser campeão europeu, 12 anos depois da última final. O tão almejado décimo troféu dos merengues na Liga dos Campeões é uma realidade, mas só se concretizou após muito sofrimento. Numa final imprópria para corações mais frágeis, a equipa de Carlo Ancelotti impôs-se no prolongamento por 4-1. O Atlético de Madrid sofreu uma acentuada quebra física no tempo extra, que o Real Madrid aproveitou para construir um resultado demasiado penalizador para os colchoneros.

Com todo o realismo, os adeptos pediam à equipa de Diego Simeone que lhes desse algo impossível: o título de campeã europeia. Depois de vencer, de forma improvável, o campeonato espanhol, o Atlético de Madrid disputava a final da Liga dos Campeões e tentava fechar com chave de ouro uma temporada a todos os títulos memorável. Godín encheu de esperança os corações dos adeptos, mas, na fase decisiva, os colchoneros pagaram a factura do esforço físico exigido por uma época tão longa e da falta de pedigree. O Real Madrid, mais habituado a estas andanças, manteve-se vivo na final de forma quase milagrosa, com um golo de Sergio Ramos no período de compensação, a levar o jogo para prolongamento. E aí as diferenças ficaram bem vincadas.

A taça, já se sabia, ia para Madrid. Na primeira vez na história em que duas equipas da mesma cidade se defrontaram na final, o Real Madrid juntou um décimo troféu à galeria, 12 anos depois da última final em que tinha marcado presença. Para o Atlético, a presença em Lisboa significou a segunda final da história, 40 anos depois de ter perdido para o Bayern Munique (1-1 e 4-0 na finalíssima). Apesar de terem ido buscar inspiração a Luis Aragonés, os colchoneros não conseguiram superar esse trauma. As contas com a história continuam por acertar.

Os dois treinadores tinham surpresas reservadas para a partida. A maior delas foi Diego Costa, titular pelo Atlético de Madrid após dias de incerteza relativamente ao seu estado físico. Do lado dos merengues confirmou-se a baixa do internacional português Pepe. Já Benzema jogou de início, enquanto no meio-campo foi Khedira o escolhido para ocupar o posto do castigado Xabi Alonso. Mas a surpresa, no Atlético de Madrid, não chegou a durar dez minutos. Diego Costa voltou a sentir dores e teve de sair – o avançado foi à Sérvia antes da final, para fazer um tratamento com placenta de cavalo, mas as piores previsões confirmaram-se.

Tal como tinha acontecido no derradeiro jogo do campeonato espanhol, em Camp Nou frente ao Barcelona, o Atlético ficava precocemente privado de Diego Costa. Na Catalunha isso serviu para galvanizar a equipa rumo ao objectivo do título de campeã. E em Lisboa, que efeito teria? A resposta não tardaria a ser dada. O Atlético cerrou fileiras e, tirando partido de uma má primeira parte do Real Madrid, chegou ao intervalo em vantagem. Godín, de cabeça, fez o 1-0 num lance em que Casillas se precipitou a sair da baliza: viu a bola sobrevoá-lo e já não conseguiu evitar o golo.

A vantagem do Atlético ao intervalo justificava-se. E os primeiros minutos do segundo tempo reforçaram essa impressão: o Real Madrid, com o pensamento febril centrado apenas na “décima”, tentava fazer as coisas demasiado depressa mas pouco saía bem. A equipa de Carlo Ancelotti encostava os colchoneros à área defensiva, mas na hora de rematar à baliza de Courtois faltava o instinto matador que se pede ao melhor ataque desta edição da Champions.

Mas tudo mudou no tempo de compensação. Quando a pressão do Real Madrid era mais intensa do que nunca, Sergio Ramos surgiu salvador na área do Atlético, a cabecear para o 1-1 e garantindo o prolongamento.

O abalo emocional sofrido pelos colchoneros teve igual magnitude ao reforço psicológico de que beneficiaram os merengues. E na meia hora que se seguiu o Real Madrid marcou mais três golos. Gareth Bale (até aí simplesmente desastrado), Marcelo (a colocar um ponto final na esperança do Atlético) e Cristiano Ronaldo (de penálti, a ampliar para 17 o recorde de golos numa edição da Champions) restabeleceram a hierarquia.

O Real Madrid tem finalmente a “décima”, que perseguia de forma tão febril e pela qual investiu ao longo dos anos milhões sem fim. Uma história escrita em Lisboa.

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