Parlamento da Líbia atacado por homens armados

Não é certo quem esteve por trás do ataque, mas há um general a agir em nome próprio na região de Bengasi, berço da revolta contra Kadhafi.

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A sede do Congresso Geral Nacional foi atacada Reuters

O Parlamento nacional líbio foi este domingo atacado por homens armados, com os deputados a serem retirados das instalações em Tripoli. Não há qualquer confirmação, mas o presidente do Parlamento, Nouri Abou Sahmein, não descarta que por trás do ataque esteja o ex-general Khalifa Haftar, que lançou uma ofensiva contra grupos islamistas de Bengasi que descreve como “terroristas”.

Alguns testemunhos citados pelas agências internacionais responsabilizam as brigadas de Zintan, milícias poderosas igualmente conhecidas pela sua oposição aos islamistas. Desde o derrube de Muammar Kadhafi, em Outubro de 2011, que as novas autoridades não conseguem controlar as inúmeras milícias constituídas por antigos rebeldes que colaboraram para afastar o coronel.

Segundo o repórter Omar al-Saleh, da Al-Jazira, a cidade “transformou-se numa espécie de palco de batalha”, com um grande número de viaturas com metralhadoras a atacarem a sede do Parlamento. “Alguns carros foram incendiados. Os combates foram duros. A situação é muito tensa.”

Haftar, um general na reforma, é líder de uma dessas milícias. Na sexta-feira, anunciou uma operação contra vários grupos islamistas e desde então os combates na região de Bengasi, berço da revolta de 2011, já fizeram pelo menos 79 mortos e 141 feridos.

Vários oficiais e soldados da região oriental do país juntaram-se entretanto ao grupo de Haftar, por ele baptizado Exército Nacional Líbio.

Tripoli descreveu esta ofensiva como “uma agitação realizada à margem da legitimidade do Estado e um golpe de Estado”. “Todos os que participarem nesta tentativa de golpe serão perseguidos na justiça”, avisou Nouri Abou Sahmein num comunicado. Haftar respondeu que o seu único objectivo é proteger os líbios e diz ter “respondido a um apelo do povo”, ao mesmo tempo que explica não reconhecer as autoridades de transição, cujo mandato já expirou.

Eleitos em Julho de 2012 para um mandato de 18 meses, os membros do Parlamento enfureceram muitos líbios quando decidiram prolongar a sua permanência no poder até Dezembro deste ano – entretanto, anunciaram um recuo mas a data das próximas eleições ainda está por definir.

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