Partido do Congresso reconhece derrota histórica na Índia

Futuro primeiro-ministro é o líder nacionalista Narendra Modi, que levou o seu Partido do Povo da Índia a uma vitória nas eleições mais concorridas da história do país.

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Narendra Modi, o futuro primeiro-ministro da Índia SAJJAD HUSSAIN/AFP

O histórico Partido do Congresso, que tem liderado os destinos da Índia desde a independência, aceitou nesta sexta-feira a derrota nas eleições legislativas, confirmando assim a vitória da coligação nacionalista liderada pelo Partido do Povo da Índia, do centro-direita, acusada de pôr em causa a laicidade do Estado.

"Aceitamos o veredicto do povo com humildade. As tendências da contagem não estão a nosso favor e dizem-nos que o país decidiu votar contra nós", disse o porta-voz do partido, Shakil Ahmed, à agência Associated Press.

Outro responsável do Partido do Congresso, Rajeev Shukla, fez declarações no mesmo sentido: "Aceitamos a derrota. Estamos prontos para nos sentarmos na oposição", cita a BBC.

O futuro primeiro-ministro, Narendra Modi, manifestou-se através da sua conta na rede social Twitter com uma frase que marcou a campanha: "A Índia ganhou!"

Os resultados finais serão conhecidos nas próximas horas, mas à medida que os números vão sendo avançados parece certo que a Aliança Democrática Nacional, liderada por Modi, conquistou pelo menos 272 lugares — o mínimo necessário para obter uma maioria parlamentar numa câmara com 543 deputados. Este resultado confirma as primerias projecções, avançadas na segunda-feira.

A afluência às urnas foi a mais expressiva da história da Índia independente, com uma taxa de 66,38%, ultrapassando assim a marca de 63,56% registada nas eleições de 1984.

O resultado destas eleições é um momento histórico para a Índia e para a formação política mais influente desde a independência — a votação no Partido do Congresso atingiu um novo mínimo nos últimos 67 anos. Nestas quase sete décadas, o Partido do Congresso esteve cinco delas no poder, incluindo os últimos dez anos.

A vitória da Aliança Democrática Nacional reflecte o descontentamento da população com a desaceleração económica e com a sucessão de escândalos de corrupção que minaram o partido de Mahatma Gandhi e Nehru.

O futuro primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, militou na sua juventude em organizações nacionalistas radicais que defendiam a preservação das tradições e da religião até se integrar no Partido do Povo da Índia, que reclama encarnar o "espírito da nação". Os seus adversários do Partido do Congresso acusam-no de pôr em causa a laicidade do Estado da Índia.

Com 63 anos, Modi define-se pelo seu activismo político, vegetarianismo e celibato (apesar de ser casado). Mas é uma figura polarizadora, principalmente por causa da sua atitude perante o que chama de "religiões estrangeiras", como o islão e o cristianismo — quando dirigia o estado de Gujarat, em 2002, mais de mil muçulmanos foram mortos na sequência de motins religiosos, alegadamente perante a sua passividade.

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