Livre parte para as europeias a pensar nas legislativas

Acção de rua no Porto com falta de mobilização e organização. Rui Tavares apela à RTP para transmitir debate entre candidatos à Comissão Europeia.

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Miguel Nogueira
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As eleições são europeias, tratam de matérias que estão “no ADN do Livre”, mas o partido formado há apenas três meses já está a pensar mais além: nas legislativas. “Não temos nenhum problema em reconhecê-lo, até porque levamos muito a sério as europeias e porque a preocupação com a política e a democracia europeias estão no nosso ADN e temos um programa a sério. Tendo feito esse trabalho de casa, não temos problemas em assumir que queremos fazer já do Livre uma força relevante para as eleições de 2015”, dizia nesta terça-feira no Porto Rui Tavares, o cabeça de lista.

O programa do dia de campanha do Livre conheceu várias alterações ao longo da tarde. Por volta das 19h, cerca de uma dezena de elementos do partido esteve diante do Teatro Nacional de São João, para se apresentar mais aos jornalistas do que à cidade. Apenas dois ou três eleitores ousaram aproximar-se dos candidatos ao Parlamento Europeu para discutirem política.

Os elementos do Livre também quase não procuraram ninguém e até protagonizaram uma cena estranha: uma comitiva partidária a atravessar a Praça da Batalha e a Rua de Santa Catarina em passo mais rápido do que o das pessoas que àquela hora, já com o comércio fechado, ainda andavam por ali. “Rua de 31 de Janeiro ou Passos Manuel?” “Os elementos do Porto que digam.” “Passos Manuel.” Vão pela Rua da Firmeza, deserta, em passo rápido rumo à estação de S. Bento, como se tentassem passar despercebidos ou se o objectivo da acção fosse chegar a um destino e não o caminho em si. Também contavam o tempo de que dispunham até a sessão na Faculdade de Medicina, na qual Rui Tavares ia participar.

Eurodeputado eleito pelo Bloco de Esquerda, do qual se afastou em 2012, o cabeça de lista do Livre não está obcecado com a eleição. “Para nós, eleger um deputado europeu não é o 'alfa e o ômega'. O partido não foi formado para isso, a sua razão de ser vai muito além. O objectivo fundamental é evitar que a direita continue a Governar depois de 2015”, diz Tavares, lembrando que o Livre, idealizado em Novembro, "recolheu assinaturas e legalizou-se em tempo recorde”.

O Livre acredita que tem um programa para estas europeias diferente dos dos outros partidos, que considera “vagos e cheios de banalidades”. “Temos propostas desde a proibição dos estágios não remunerados e da privatização da água à criação de uma agência Ulisses para a recuperação económica dos países do sul, à realização de uma conferência europeia de credores e devedores para resolver o problema da dívida ou à criação de uma mecanismo de estabilidade para que os juros não voltem a disparar”, exemplifica Rui Tavares.

O cabeça de lista voltou a apelar a que a RTP transmita em sinal aberto o debate de dia 15, entre candidatos à presidência da Comissão Europeia, que a União Europeia de Radiodifusão disponibiliza gratuitamente às estações televisivas. "Não há nenhuma queixa à Comissão Nacional de Eleições para obrigar a RTP a transmitir esse debate. Mas esse debate é importante para o nosso futuro. Eu quero também que os canais privados o transmitam, mas é essencial que o façam em antena aberta", afirmou Rui Tavares.

O Livre promete começar a dialogar no dia 26 de Maio com as outras forças de esquerda com vista à produção de um programa “não de oposição mas de governo” para as legislativas de 2015. As tentativas de convergência à esquerda, superando os "tacticismos das outras direcções partidátrias", serão retomadas, portanto, dentro de momentos.

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