O Village Underground Lisboa já abriu portas no Museu da Carris

A réplica lisboeta do Village Underground de Londres já está em ebulição criativa. O espaço está aberto aos mais variados artistas e jovens criativos e pode vir a ser uma plataforma de intercâmbio cultural com a capital inglesa.

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José Maria Ferreira
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Contentores de navios e dois autocarros antigos transformados em escritórios — assim é a primeira réplica do Village Underground fora de Londres. O novo espaço, construído no terreno do Museu da Carris, em Lisboa, já está em funcionamento. O espaço de coworking que junta artistas e criativos nasceu da vontade de Mariana Duarte Silva, gestora de indústrias culturais, de trazer o conceito para Portugal. A festa oficial de inauguração está marcada para o dia 10 de Maio, às 15h, com entrada livre.

Depois de ter ocupado um espaço na versão londrina, Mariana quis trazer o mesmo tipo de dinâmica para a sua cidade. “Partilhava uma carruagem de metro com as pessoas das mais variadas áreas, da ilustração ao design. Conheci imensa gente fora da minha área, a música, e foi assim que comecei novos projectos. Estar fisicamente ao pé de várias pessoas e vários artistas foi vantajoso”, explicou Mariana ao P3, quarta-feira, durante uma visita organizada para a imprensa. 

Em dois anos construiu-se o Village Underground Lisboa, a primeira plataforma desta rede fora de Londres, projecto original aberto desde 2007, que se tornou num núcleo cultural importante da cidade. É o mesmo que Mariana pretende que aconteça em Lisboa: “Quero que este espaço marque a história cultural e colectiva desta cidade. Espero daqui por dez anos olhar para projectos inovadores e dizer: aquilo nasceu no Village”.

Tom Foxcroft, que gere o espaço em Londres, esteve presente na inauguração e descaca o intercâmbio cultural em rede. “Cria-se a possibilidade de novos artistas e pessoas criativas de Lisboa irem a Londres mostrar o que fazem, e a possibilidade de los ondrinos virem a esta cidade fantástica mostrar os seus projectos”, disse Tom. O planeamento de um terceiro espaço do Village Underground, em Berlim, já está a quase concluído.

Ainda há espaços livres
Os dois antigos autocarros da Carris e os dez contentores marítimos que foram restaurados e empilhados, debaixo da Ponte 25 de Abril, são agora a casa dos mais variados negócios e áreas criativas. Ainda há espaços livres, prontos a receber projectos criativos. Por cerca de 150 euros mensais, os ocupantes têm acesso ao espaço, à electricidade e à Internet sem fios. Em poucos meses chegaram até à gestora mais de 500 candidaturas, das mais distintas áreas de especialização.

Dentro destes espaços remodelados encontramos as mais variadas origens e motivações. Os músicos Macacos do Chinês ocupam um dos contentores marítimos e tentam “sair da zona de conforto”, ao estar num espaço diferente, que os coloca em “contacto” com outros criadores, destacam os membros do projecto, André Pinheiro, Miguel Pitá e André Madeira.

A Vice Portugal, activa no Porto desde 2009, ocupa também um dos contentores e tem a partir de agora uma base em Lisboa, sinal do “constante crescimento” e uma tentativa de “estar mais próximo dos parceiros e da audiência”, e salientam também a proximidade a uma estrutura “tão criativa e ligada a tantas àreas criativas”.

Entre os primeiros ocupantes está também AkaCorlerone, artista que ficou responsável por intervir no espaço com uma peça que é o culminar da exposição na galeria Underdogs no mês de Fevereiro, “Find Yourself in Chaos”. Tal como na exposição individual, Pedro Campiche fez uma perspectiva anamórfica em que a ilustração é vista de formas diferentes consoante o ponto de vista. No Village Underground encontrou mais dificuldades no processo: “Temos ideia do que queremos fazer, mas a superfície não é lisa, tem uma série de volumes e outras dificuldades que são desafiantes. Pintar no meio deste caos foi complicado”.

Na visita ao novo espaço esteve presente Graça Fonseca, vereadora da Câmara Municipal de Lisboa, que destacou a importância desta plataforma para complementar “um novo eixo cultural, um prolongamento tão importante para a cidade, aqui tão próximo da LxFactory”.

Luis Barroso, administrador da Carris, salientou a importância deste momento para a vida do Museu. “Este espaço é enorme e está desocupado. Foi uma alternativa que encontrámos para rentabilizar o museu. O projecto em si também nos parece muito interessane e pode ser uma forma de captar mais clientes jovens, que adquiram o hábito de andar de transportes públicos”, afirmou. 

A Carris aproveitou este evento para inaugurar o novo espaço do Museu dedicado ao Metropolitano de Lisboa, decorrente da fusão entre as duas empresas iniciada em 2012.

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