Tribunal que vai decidir indemnização de 169 milhões do TGV já foi constituído

Paula Costa e Silva foi escolhida para presidente do tribunal arbitral. Decisão será conhecida dentro de seis meses.

Foto
Corredor ferroviário do TGV vai ser aproveitado para construir linha de mercadorias para ligar porto de Sines Miguel Manso

O tribunal que vai decidir se o Estado tem de pagar 169 milhões de euros ao consórcio Elos pela suspensão do projecto do TGV já está constituído. Paula Costa e Silva, professora catedrática da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, foi escolhida para presidir ao tribunal arbitral, que contará ainda com outros dois árbitros (um do lado do Estado e outro do consórcio) para dirimir este conflito que remonta a 2012.

O PÚBLICO apurou que a composição do tribunal arbitral ficou fechada na semana passada, como estava previsto num compromisso assinado a 22 de Janeiro de 2013 entre o Estado e consórcio. Esse documento, que nunca chegou a ser tornado público, mas que é referido num despacho do Governo emitido em Junho último, definia ainda em seis meses o prazo de duração do tribunal, o que significa que a decisão definitiva deverá ser conhecida ainda este ano, salvo se for pedido algum prolongamento extraordinário.

O Estado escolheu para árbitro Paulo Otero, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Já o consórcio Elos, que tem como maiores accionistas a Brisa, a Soares da Costa e os espanhóis da ACS, indicou António Carneiro da Frada, docente da Faculdade de Direito da Universidade do Porto. Faltava apenas que estes dois árbitros chegassem a acordo sobre a presidência do tribunal arbitral, que o PÚBLICO confirmou ter sido depositada nas mãos de Paula Costa e Silva, que tem experiência em arbitragem nas áreas das PPP e contratação pública, entre outros.

Apesar de a decisão de suspender o TGV Évora e Caia/Badajoz remontar a 2012, na sequência do veto do Tribunal de Contas à adjudicação da obra de construção, as partes concordaram em só avançar com o litígio no início deste ano. O consórcio reclamou formalmente, a 26 de Abril de 2013, uma indemnização de 169 milhões de euros, associada aos custos suportados com preparação do projecto, expropriações e encargos financeiros. O Estado contestou a acção no início do Verão.

O corredor ferroviário que iria ser usado para a alta velocidade, idealizada pelo Governo PS, vai ser agora aproveitado para a construção de uma linha de mercadorias, que foi considerada um dos 30 investimentos prioritárias para o país, no relatório de um grupo de trabalho nomeado pelo actual secretário de Estado das Infra-Estruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro.

O presidente da Refer avançou recentemente ao PÚBLICO que espera que esta obra, considerada fundamental para melhorar a acessibilidade ao porto de Sines, avance em 2017. O projecto, avaliado em 1000 milhões de euros, poderá ficar concluído no espaço de dois anos, acrescentou. Rui Loureiro referiu, aliás, que poderão ficar já feitas as terraplanagens de modo a acomodar, no futuro, a via dupla para o TGV.  

Sugerir correcção
Comentar