Na Islândia bacalhau não é comida, é dinheiro

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Portugal é um dos principais mercados do bacalhau pescado na Islândia Pedro Cunha

“Arinca é comida, bacalhau é dinheiro”. Esta expressão popular ilustra bem a dependência da Islândia em relação ao bacalhau e, por arrasto, em relação aos países do Sul da Europa, com Espanha e Portugal à cabeça.

Há famílias inteiras que pescam, preparam e embalam o bacalhau, mas à mesa este peixe praticamente não entra. Quanto muito é consumido fresco e, mais recentemente, os novos chefes têm olhado para este produto com mais interesse.

A Islândia começou a exportar bacalhau para Portugal no início do século passado. Em troca, a Islândia aprovou uma excepção à lei seca e permitia a importação de vinho português. Em 1915 foram exportadas 108 toneladas de bacalhau salgado, pouco mais de 0,4% da exportação total deste produto, mostram os dados da agência para a promoção da Islândia, Promote Iceland, o equivalente  à AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). Vinte anos depois, já eram exportadas mais de 19 mil toneladas, o que representava 30% das exportações de bacalhau seco. O auge foi atingido no início da década de 1980, quando as exportações de bacalhau seco para Portugal representava 65% do total, atingindo as 38.459 toneladas. Daí em diante, as exportações têm vindo a reduzir-se e em 2012 não chegaram às 8.500 toneladas (33% do total).

Apesar dessa queda, a relação com Portugal vem de longe e tem vindo a cimentar-se. Grindavik uma das principais cidades piscatórias, a cerca de 40 quilómetros da capital tem um acordo de amizade com a cidade de Ílhavo, cuja população de pescadores se dedicava à pesca do bacalhau no Atlântico Norte, ao largo da Islândia.

Desde Outubro passado, a Islândia lançou uma campanha para reforçar a posição nos mercados-chave e tradicionalmente associados ao consumo de bacalhau salgado, tentando retirar alguma quota de mercado ao bacalhau da Noruega, com forte implantação em Portugal. O objectivo, explicou ao PÚBLICO Gudny Kárádótir, a directora de marketing da agência, é a diferenciação pela “qualidade e frescura dos produtos” pescados na Islândia, admitindo que pela quantidade a batalha estaria perdida à partida.   

Nunca como no ano passado o volume de negócios gerados pelas exportações de produtos do mar foi tão elevado. A Islândia exportou 1700 milhões de euros de produtos do mar, o que representa 42% do total das exportações, seguindo-se o alumínio, que vale 36% do total. O bacalhau é espécie mais valiosa, representando 31% do total das exportações de peixe da Islândia em 2012. E no segmento do bacalhau salgado, Portugal é o principal mercado.

A jornalista viajou a convite da Promote Iceland


 
 
 
 
 

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