O que é o PISA? Quem o paga?

Perguntas e respostas sobre a metodologia usada pela OCDE, a forma como são feitos os testes e os objectivos.

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Nelson Garrido

São os governos dos países que pagam a sua participação no mega-estudo sobre literacia, feito de três em três anos pela OCDE. E todos podem contribuir com propostas de perguntas a incluir nos testes. Algumas perguntas e respostas sobre o PISA.

Qual a dimensão do PISA?
A sigla designa Programme for International Student Assessment. A OCDE começou a trabalhar na metodologia a aplicar em meados dos anos 1990. Mas a primeira sondagem só foi levada a cabo em 2000. O PISA é uma grande avaliação internacional à literacia dos alunos de 15 anos, em três áreas-chave: Ciências, Matemática e Leitura. Cada leva de testes privilegia uma área em particular. No PISA 2012 participaram 34 países da OCDE, mais 31 países e zonas económicas que não fazem parte da organização. A área de eleição foi a Matemática, o que significa que dois terços das perguntas dos testes aos alunos são dessa área. No total, foram avaliados 510 mil alunos dos 28 milhões de jovens de 15 anos que frequentam as escolas do universo analisado. Só em Portugal participaram mais de sete mil alunos, mas foram tidos em conta os resultados de apenas 5722 (em todos os países são excluídos alunos que, por exemplo, não respondem a um grande número de questões do teste).

Quem financia o PISA?
Os governos de cada país participante.

Quem são os alunos avaliados?
O PISA, por definição, é sobre o que sabem os alunos de 15 anos. Mas em rigor não são só esses os avaliados. A amostra é constituída por alunos com pelo menos seis anos de escolaridade que tenham entre 15 anos e três meses e 16 anos e dois meses. Podem estar inscritos em escolas públicas ou privadas, no ensino regular ou profissional. Em Portugal, 52,2% dos alunos da amostra frequentavam o 10.º ano; 28,2% dos alunos estavam no 9.º ano; 8% no 8.º ano e 2,4% no 7.º. Estes três últimos grupos de alunos são, quase necessariamente, jovens que ficaram para trás no seu percurso escolar, uma vez que aos 15 anos é suposto frequentar-se o 10.º ano. Por fim, 0,2% dos alunos estavam no 11.º ano e 9% em cursos de educação e formação (CEF). Luísa Loura, directora-geral de Estatística do Ministério da Educação, diz que esta amostra não se afasta da distribuição real da população estudantil portuguesa aos 15 anos. Cerca de 10% dos alunos da amostra são do ensino privado.

Como são aplicados os testes?
Os alunos tiveram duas horas para fazer os testes, em ambiente de sala de aula, com um "administrador" a controlar o processo. Em alguns países, incluindo Portugal, foram dados mais 40 minutos para que o alunos pudessem fazer mais testes no computador — pela primeira vez o PISA incluiu uma componente para ser respondida desta forma, mas era opcional.

Que tipo de testes são feitos?
Os testes PISA são uma mistura de questões de escolha múltipla com outras que implicam respostas desenvolvidas. Os estudantes têm ainda de responder a um questionário com informação de background sobre eles próprios – a casa onde moram, a escola e o ambiente de aprendizagem, a relação que têm com disciplinas como a Matemática. Aos directores das escolas que participam é também pedido que respondam a um questionário sobre o sistema educativo e o contexto escolar. Os testes não são todos iguais: aos alunos são dadas a fazer diferentes combinações de testes. Mas a ideia é que em cada país sejam aplicados exactamente os mesmos testes.

Quem fabrica os testes?
Todos os países participantes no PISA podem enviar perguntas. O "consórcio PISA", constituído por representantes de agências de avaliação e peritos em avaliação analisa as propostas e faz também propostas. Todas as perguntas são revistas e testadas internacionalmente por todos os países participantes. Um dos objectivos desta revisão é garantir que são adequadas aos diferentes contextos culturais dos países que participam. Só são aplicadas as perguntas que são aprovadas por todos os participantes. Especificamente para elaborar os testes de literacia matemática e de literacia financeira dos alunos (os resultados destes últimos não foram divulgados ainda) a OCDE pediu ajuda à Australian Council for Educational Research, uma organização independente que faz investigação na área da Educação. A decisão final sobre todo o processo pertence ao conselho directivo do PISA.

Como são seleccionados os alunos que fazem os exames?
Em cada escola é designado um coordenador PISA que fica encarregue de fazer uma lista com todos os alunos de 15 anos. Essa lista é enviada para o "centro nacional PISA", que, em cada país, é designado pelo Governo, que escolhe aleatoriamente 40 alunos. O coordenar da escola contacta os estudantes seleccionados e obtém as autorizações dos respectivos pais.

Qual o objectivo desta avaliação?
O objectivo essencial do PISA é: avaliar a forma como os alunos de 15 anos aplicam as competências que têm de Matemática, Leitura e Ciências face a problemas que os colocam perante situações da "vida real". Não se trata de avaliar o currículo, ou apenas conhecimentos. Trata-se de ver como são os alunos capazes de raciocinar, e "usar conceitos e ferramentas para explicar e prever fenómenos".
 
 
 

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