Dilma cancela visita aos Estados Unidos por causa de espionagem da NSA

Revelações de espionagem ao Governo brasileiro e à Petrobras levaram ao adiamento da viagem a Washington para data a anunciar.

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Em 2011, Dilma Rousseff recebeu Barack Obama no Planalto, em Brasília Pedro Santana/AFP

A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, anunciou ontem que não vai viajar para os Estados Unidos em Outubro, por considerar que não foram satisfatórias as explicações que lhe foram dadas sobre as práticas de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana ao Governo e a empresas brasileiras.

Um comunicado do Palácio do Planalto explica que Dilma recebeu na segunda-feira um telefonema do Presidente Barack Obama e que ambos decidiram adiar a visita, para que os resultados não fiquem “condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada”.

“As práticas ilegais de intercepção das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do Governo brasileiro constituem um facto grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos”, lê-se no comunicado.

No início deste mês, uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, revelou que a NSA monitorizou o conteúdo de telefonemas, emails e mensagens de telemóvel da Presidente Dilma Rousseff e de um número ainda indefinido de “assessores-chave” do Governo brasileiro.

A reportagem foi realizada com base numa apresentação em Power Point feita dentro da própria NSA, em Junho de 2012. O documento é mais um dos que foram transmitidos ao jornalista norte-americano Glenn Greenwald por Edward Snowden, o informáticoque trabalhou para a agência e que vive actualmente exilado na Rússia.

Na semana seguinte, o Fantástico revelou também espionagem americana na petrolífera brasileira Petrobras, mais uma vez, com base em documentos secretos entregues por Snowden.

“Na ausência de intempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as actividades de intercepção”, a Presidente brasileira quis assim deixar bem clara a insatisfação do Brasil, resume o comunicado do Planalto.
 
 

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