Oposição no Camboja rejeita resultados das eleições legislativas

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Oposição e observadores internacionais denunciaram irregularidades no voto AFP/Tang Chhin Sothy

O Partido para a Salvação Nacional do Camboja, a maior força de oposição do país, rejeitou os resultados oficiais das eleições legislativas de domingo e pediu a abertura de um inquérito por alegadas irregularidades na votação, que resultou na reeleição do primeiro-ministro Hun Sen, no poder há 28 anos.

Os resultados preliminares avançados pela comissão eleitoral nacional apontavam para a vitória do Partido do Povo do Camboja, com 68 lugares no Parlamento – menos 20 do que na anterior legislatura. O Partido para a Salvação Nacional do Camboja, que resultou da fusão dos dois principais movimentos de oposição, obteve os restantes 55 assentos da câmara baixa, que tem um total de 123 lugares.

“Não podemos aceitar os resultados da quinta eleição parlamentar porque nos deparamos com uma série de irregularidades”, informou na manhã desta segunda-feira o Partido para a Salvação Nacional do Camboja. Em comunicado, a oposição exigiu o “estabelecimento urgente” de uma comissão de investigação constituída por representantes da comissão eleitoral, dos partidos políticos, de organizações da sociedade civil e ainda das Nações Unidas, cuja missão seria averiguar a veracidade dessas alegações.

As denúncias da oposição mencionavam irregularidades nos cadernos eleitorais, onde alguns nomes não estavam inscritos e outros constavam duas vezes, ou ainda o facto de a tinta usada para assinalar o voto poder ser facilmente apagada.

A comissão eleitoral desmentiu as acusações da oposição, que vão de encontro à avaliação dos observadores internacionais. “É muito difícil proclamar as eleições livres e transparentes. O processo não foi justo, não houve idêntico acesso aos media e o líder da oposição não pode apresentar-se como candidato”, referiu à AFP o director executivo da Transparência Internacional para o Camboja, Kol Preap.

O líder da oposição, Sam Rainsy, chegou ao país apenas dez dias antes da eleição e foi impedido de votar por já ter ultrapassado o prazo para o registo de eleitor. O antigo banqueiro estava no exílio em França desde 2009, quando foi acusado de espalhar falsas informações – uma acusação que várias organizações denunciaram como politicamente motivada e que agora foi retirada, após um perdão real.

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