Papa Francisco contra liberalização do consumo de drogas

No seu terceiro dia no Brasil, o líder católico condenou a "praga do narcotráfico" e deixou uma mensagem de esperança aos viciados. A segurança esteve mais apertada.

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Papa Francisco contra liberalização do consumo de drogas AFP

O Papa Francisco mostrou-se nesta quarta-feira contra a legalização do consumo de drogas, dizendo que é preciso enfrentar os problemas que estão na base da sua utilização, educando os jovens para os valores da vida comum.

O líder da Igreja Católica fez estas declarações durante a sua visita ao hospital de São Francisco de Assis na Providência de Deus, no Rio de Janeiro, Brasil, onde inaugurou um centro para a recuperação de toxicodependentes, sobretudo dependentes do crack.

“Não é na liberalização do consumo de drogas, como se está a discutir em várias partes da América Latina, que se poderá reduzir a propagação e a influência da dependência química”, disse, sublinhando que “é preciso enfrentar os problemas que estão na base do seu uso, promovendo uma maior justiça, educando os jovens nos valores que construam a vida comum, acompanhando os necessitados e dando esperança para o futuro”.

Francisco condenou “a praga do narcotráfico”, que favorece a violência e que promove a dor e a morte. Segundo observa o jornalista da Folha de S. Paulo, Fabiano Maisonnave, a crítica do Papa foi uma mensagem para os ex-governantes do Brasil, Colômbia e do México, que propõem a regulamentação das drogas, incluindo a distribuição por parte do Estado a viciados em tratamento.

Francisco lançou uma mensagem de esperança aos jovens toxicodependentes, mas disse que é imprescindível que desejem sair dessa situação. No seu discurso, apelou a um olhar de confiança no futuro. “A travessia é longa e cansativa, mas veja mais à frente, há um futuro certo, que se encontra numa perspectiva diferente das propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá um impulso e uma força nova para viver a cada dia”, acrescentou.

O Papa foi recebido no hospital, no bairro da Tijuca, pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Orani Tempesta, e recebeu uma estátua de São Francisco, feita pelos toxicodependentes em tratamento. Antes tinha estado a celebrar uma missa na Basílica da Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil, aonde acorreram 150 mil peregrinos para o ouvir.

“Incidentes deploráveis” não se vão repetir, garante prefeito do Rio
Nesta quarta-feira, a segurança em torno do Papa estava muito mais apertada do que aquando da sua chegada ao Rio de Janeiro, na segunda-feira. Cerca de cinco mil homens do Exército, polícia e serviços de emergência estiveram envolvidos na operação, mantendo à distância os milhares de fiéis em êxtase, ao frio e à chuva.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, admitiu que houve falhas por parte da prefeitura e do governo federal na segurança do Papa na sua chegada à cidade e garantiu que os “incidentes deploráveis” ocorridos na segunda-feira não se iriam repetir.

Na altura, o carro que levava o líder católico da Base Aérea do Galeão até ao centro do Rio de Janeiro ficou preso num engarrafamento na Avenida Presidente Vargas – levou 12 minutos para percorrer 500 metros – o que permitiu à multidão aproximar-se do Papa. O Vaticano minimizou o incidente, sublinhando que Francisco não receou e que apreciou o entusiasmo dos cariocas com a sua presença.

“A responsabilidade é do poder público. Da prefeitura, que fazia a segurança, e do governo federal, que fazia a escolta”, admitiu Paes numa conferência de imprensa, citado pela Agência Brasil. “Durante toda a manhã analisámos os erros e vamos trabalhar para evitar que se repitam”, garantiu.

A 28.ª Jornada Mundial da Juventude, que decorre até domingo, é considerada a última prova de fogo das forças de segurança brasileiras antes da Copa do Mundo de Futebol de 2012 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Nesta quinta-feira, o Papa encontra-se pela primeira cez com os cerca de 500 mil jovens que estão no Rio para participar no evento.

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