Mir oferece espectáculo pirotécnico ao cair no Pacífico (actualização) (actualização)

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Alguns destroços podem estar ainda em órbita a arder AP

A estação espacial russa Mir, em órbita há 15 anos, desintegrou-se esta madrugada sobre as águas do Pacífico, entre a Nova Zelândia e o Chile. Os destroços incandescentes iluminaram os céus das ilhas Fiji, num derradeiro espectáculo pirotécnico. Algumas partes mais pesadas continuam a arder na atmosfera.

"Terminamos um projecto admirável, e termina-mo-lo dignamente. Esta operação é um exemplo de que a Rússia ainda é uma potência espacial", afirmou o director da Agência Aeroespacial russa (TSOUP), Iuri Koptev, citado pela AFP.Os destroços incandescentes foram visíveis das ilhas Fiji e iluminaram o céu do Pacífico Sul com longos traços alaranjados. "As pessoas aqui estão em êxtase. É um espectáculo incrível. A luz no céu é fenomenal", disse Hugh Williams, o correspondente da CNN, em Nadi (Fiji). Esta visão demorou pouco mais de um minuto e meio.
Toda a operação de destruição da Mir desenrolou-se conforme o planeado, para grande alegria dos japoneses e neo-zelandeses que previam uma queda incontrolada dos destroços.
Nas últimas horas, a estação recebeu três impulsos "mortais" para a desalojar da sua rota, rumo às profundezas do Pacífico. A maior parte da estrutura desintegrou-se ou ardeu no momento em que entrou em contacto com a atmosfera. A "certidão de óbito" da Mir foi assinada numa legenda que apareceu no ecrã gigante do Centro de Controlo: OK MIR. Noutra legenda podiam ler-se as datas do seu lançamento (20/2/86) e morte (23/3/01).

Mir terminou o seu voo triunfal

A estação espacial Mir terminou o seu voo triunfal, disse um porta-voz da TSOUP. Iuri Semionov, desenhador do complexo de 137 toneladas, informou que a queda "foi um êxito" de precisão, apesar de ter reconhecido que nos últimos minutos "existiram problemas, rapidamente solucionados".Nos seus quinze anos de vida, a estação deu um total de 86.331 voltas à Terra.
A fase terminal, de somente doze minutos de duração, começou às 05:45 (hora de Lisboa), quando a Mir entrou nas densas camadas da atmosfera, começando a arder e a desintegrar-se.
No Japão, as pessoas foram aconselhadas a ficarem em casa durante a passagem da Mir, enquanto que na Nova Zelândia, os voos internacionais que atravessam o Pacífico Sul foram atrasados. Os cerca de trinta barcos de pesca que estavam em pleno Pacífico, demasiado longe para regressarem a algum porto, seguiram com algum nervosismo o desenrolar dos acontecimentos. No entanto, nenhum deles foi atingido pelos destroços. O Chile, por seu lado, protestou por causa da destruição da Mir no oceano, utilizado pelos russos como caixote do lixo do espaço, segundo Santiago.
O anúncio oficial da destruição da Mir foi acolhido com um silêncio absoluto no centro de controlo de voos espaciais russo, em Korolev. "Nós, os cosmonautas, vamos agora beber uma pouco de vodka. Ainda não estamos preparados para limpar a Mir das nossas memórias", declarou com um suspiro Alexander Lazoutkin.
Os russos tomaram a decisão de destruir a Mir por razões financeiras e de segurança. Moscovo não se mostrou capaz de financiar aquela que foi a primeira casa do homem no espaço e a construção da actual Estação Espacial Internacional (ISS).
A grande maioria dos russos, segundo algumas sondagens, estavam contra a destruição da Mir que era um símbolo da sua conquista do espaço.
Os deputados da Duma (Parlamento russo) estão a preparar uma resolução que apela à demissão do chefe da Agência Espacial russa, Iuri Koptev, responsável, segundo eles, pela destruição "prematura" da Mir.

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