Acervo do Museu da Ciência e Indústria do Porto nas mão do próximo executivo autárquico

Distribuição por várias entidades do acervo armazenado desde 2006, quando o museu saiu das Moagens Harmonia, é uma possibilidade.

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Museu funcionou nas Moagens Harmonia até à construção da Pousada do Freixo, que as ocupou junto com o palácio Manuel Roberto

No Dia Internacional dos Museus, o espólio do Museu da Ciência e Indústria do Porto continua fechado num armazém da cidade.

 O futuro ainda não está decidido e a presidente da comissão liquidatária admite que, a cerca de cinco meses das eleições autárquicas, a decisão sobre o que fazer com a maquinaria e acervo documental deverá ser tomada pelo próximo executivo.

“Este é um momento difícil para as autarquias tomarem uma decisão”, explica Ana Teixeira. Sobretudo porque não há ainda uma resposta clara para o que será feito do espólio, nomeadamente se será possível continuar sob o mesmo tecto ou se terá de ser separado e espalhado por diferentes espaços da região. “Continuamos a tentar que o espólio fique concentrado, mas, caso tal não seja possível, queremos tentar estruturar a distribuição do acervo, para que haja um percurso museológico integrado na região”, acrescenta a mesma fonte.

O Museu da Ciência e Indústria fechou ao público em 2006 e o seu espólio foi retirado da antiga Fábrica das Moagens Harmonia, onde funcionava, para que aí fosse instalada parte de uma pousada do grupo Pestana, que abrange também o Palácio do Freixo. Apesar das promessas da autarquia de que seria encontrada uma solução para o museu, o facto é que este nunca mais reabriu e, em Novembro de 2010, o município e a Associação Empresarial de Portugal (AEP) anunciaram a extinção da Associação do Museu da Ciência e Indústria, que ambas detinham e que era a responsável pela gestão do acervo. O motivo apresentado para esta decisão foi a falta de recursos financeiros.

Convencido de que conseguiria congregar os apoios necessários para reactivar o museu, o PS pediu ao presidente da câmara, Rui Rio, que o deixasse tentar encontrar uma solução. Rio aceitou e em Abril de 2011 foi constituída a Associação Promotora do Museu da Ciência e Indústria (AMIC). Durante cerca de um ano, a AMIC tentou encontrar um espaço e apoios financeiros para reabrir o museu, mas em Junho do ano passado, em assembleia geral, decidiu “suspender a actividade”. Na altura, o presidente da AMIC, Ricardo Fonseca, explicou ao PÚBLICO os motivos desta decisão: “A verdade é que não conseguimos o mínimo financiamento para levar o projecto avante”.

Há cerca de um ano, a AMIC ainda tinha a intenção de voltar a reunir, dali a seis meses, para analisar as eventuais soluções que um “grupo de trabalho” poderia ter para apresentar. Mas, com a crise a agravar-se cada vez mais no país, e sem qualquer alternativa à vista, nada acabou por ser feito, confirmou ao PÚBLICO uma fonte ligada ao processo.

A vontade expressa pela câmara e pela AEP junto da comissão liquidatária era que esta entregasse o espólio do museu à AMIC, caso a associação conseguisse as condições necessárias para o receber. A suspensão da actividade da associação deixou essa possibilidade num limbo e o “plano B” de liquidação – distribuir o espólio por diferentes entidades que o quisesse receber – também não avançou.

Neste momento, o acervo continua, por isso, nas mãos da comissão liquidatária, como a última memória do Museu da Ciência e Indústria. Ana Teixeira diz que, caso seja possível manter o acervo num só local, há municípios em redor do Porto que investiram recentemente em museus e poderiam estar disponíveis para receber parte dele, permitindo que “a história e memória da indústria permanecessem na região”. Mas, também a esse nível, não há qualquer certeza. “Essa decisão não será tomada, certamente, neste mandato autárquico”, garante. 
 
 
 

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