Computadores Magalhães e navios no centro das quatro visitas de Chávez a Portugal

Ex-líder da Venezuela manteve boas relações com Portugal.

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Hugo Chávez com António Guterres, em 2011, em Lisboa Reuters
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Hugo Chávez, em 2008, com o computador Magalhães e membros do Governo português João Henriques
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Chávez e o bom "amigo" Sócrates, em 2010 Manuel Roberto

O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que morreu na terça-feira aos 58 anos, fez quatro visitas oficiais a Portugal nos últimos 12 anos, a última das quais em 2010, com o computador Magalhães na agenda.

As visitas de Chávez tiveram sempre uma forte componente empresarial, seja pela compra de computadores Magalhães, que na Venezuela se chamam “Canaima”, ou pela encomenda de navios aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.

Mas nem só de negócios viveram as deslocações do “comandante” a Portugal.

Na sua visita em 2008, Chávez depositou uma coroa de flores junto à estátua de Simon Bolívar, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, perante dezenas de admiradores que o foram saudar.

Mas a primeira visita foi em 2001, um ano depois de ter chegado ao poder.

Hugo Chávez deslocou-se a Portugal em Outubro de 2001, passando um dia na Região Autónoma da Madeira, e foi recebido no Palácio de São Bento pelo então primeiro-ministro, António Guterres.

A Venezuela tem uma comunidade de cerca de meio milhão de emigrantes de origem portuguesa, nomeadamente da Madeira.

Em 2007, o líder venezuelano está de novo em Portugal, já o primeiro-ministro era José Sócrates, também ele socialista, e que viria considerar “bom amigo”.

Nesse ano foram assinados acordos para compra de petróleo e gás natural pela Galp.

Em 2008, dá-se nova visita do líder venezuelano, com mais negócios na carteira.

Os dois países assinaram cinco acordos bilaterais no domínio económico, entre os quais um para a empresa Teixeira Duarte ampliar o porto de La Guaira, perto de Caracas, obra orçada em 658 milhões de dólares, e a venda de 20 milhões de euros em medicamentos.

Assinado foi também um acordo com o grupo Lena para a construção de 12.500 habitações sociais e três fábricas, num negócio de cerca de 700 milhões de euros.

Dois anos depois, em 2010, Chávez esteve pela última vez em Lisboa, para dar “as duas mãos” a José Sócrates, que estava, disse, a “passar um momento difícil”, com os primeiros sinais de crise.

O Presidente da Venezuela assinou um contrato para a compra, no prazo de três anos, de 1,5 milhões de computadores portugueses Magalhães, que elogiou na televisão venezuelana como “verdadeiro computador” e que “aguenta bombardeamentos”.

Em Viana do Castelo, encomendou dois navios de transporte de asfalto. Chegou a dizer que o seu Governo estava “muito interessado” no navio Atlântica, encomendado pelo Governo dos Açores, mas depois rejeitado.

“Disseram-me que é um barco bom, bonito e barato. Estamos muito interessados”, disse Chávez sobre o navio que o seu país nunca chegou a comprar.

As boas relações com Portugal só sofreram algum sobressalto em Setembro de 2006, quando o partido de Chávez usou uma fotografia do ex-primeiro-ministro português num cartaz de campanha em que se lia: “Rompendo o bloqueio. Venezuela é respeitada!”

O Governo português mostrou o seu desagrado, Caracas pediu desculpas e o cartaz foi retirado.
Além das visitas oficiais, o Presidente venezuelano fez várias escalas em Lisboa.

Em Julho de 2006, pára no aeroporto da Portela e é recebido por informalmente por José Sócrates.
Menos de um ano depois, em Junho de 2007, faz uma nova escala na capital portuguesa e é recebido pelo ex-presidente Mário Soares.

Em Novembro de 2007, faz nova escala no aeroporto de Figo Maduro, conversou com embaixadores da Venezuela e de Cuba, no aeroporto.
 
 

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