Nunciatura recusa falar sobre acusações de assédio sexual contra D. Carlos Azevedo

Segundo a reportagem da Visão, a Nunciatura Apostólica conduziu uma investigação em 2010, após a denúncia feita por um padre.

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Na nunciatura, em Lisboa, não há uma confirmação oficial PÚBLICO

A Nunciatura Apostólica, que representa a Santa Sé em Portugal, recusa pronunciar-se sobre as acusações de assédio sexual a membros da Igreja, que recaem sobre o bispo D. Carlos Azevedo.

Ao PÚBLICO, a secretária do núncio apostólico, monsenhor Rino Passigato, disse apenas que “a Nunciatura não se pronuncia” sobre este caso, revelado na reportagem publicada pela revista Visão nesta quinta-feira mas anunciada na noite de quarta-feira, no site da publicação.

Segundo essa reportagem, foi em 2010 que o padre José Nuno Ferreira da Silva, actual coordenador nacional das capelanias hospitalares, denunciou D. Carlos ao núncio apostólico, acusando-o de assédio sexual. A Nunciatura terá então levado a cabo uma “investigação”, através da qual terá recolhido indícios de outros casos suspeitos de assédio por parte do ex-bispo auxiliar de Lisboa.

Segundo a informação da Visão, a Nunciatura terá recolhido depoimentos e informações que indicam que os assédios ao padre José Nuno não foram casos isolados e se prolongaram no tempo, desde a década de 1980 até anos mais recentes.

Contactado pelo PÚBLICO, o padre José Nuno afirmou apenas, por email, que não tenciona "declarar o que quer que seja".

Perante o silêncio da Nunciatura, fica por saber que medidas foram tomadas. Ao PÚBLICO, D. Carlos Azevedo disse que nunca foi “pessoalmente nem institucionalmente” informado de qualquer queixa ou investigação sobre este assunto. O bispo nega "totalmente" as acusações.

O caso é revelado numa altura em que se prepara a nomeação do novo cardeal-patriarca para substituir D. José Policarpo, que completa na próxima terça-feira 77 anos. O bispo D. Carlos Azevedo, que em 2011 foi nomeado delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, do Vaticano, tem sido apontado para suceder ao cardeal-patriarca. Mas a Visão escreve que as relações entre os dois não seriam as melhores, e que na base da saída de D. Carlos para o Vaticano – que na altura foi inesperada – poderá ter estado o "desconforto" manifestado por D. José Policarpo com o protagonismo do bispo na vida eclesiástica e mediática portuguesa.

O PÚBLICO tentou contactar D. José Policarpo, através do seu assessor, mas não foi possível até ao momento.

A nomeação do cardeal-patriarca é feita pelo Vaticano, mas a renúncia do Papa Bento XVI deve atrasar o processo.

Notícia actualizada às 12h: acrescenta resposta do padre José Nuno ao PÚBLICO
 

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