Empresa no centro do escândalo da carne de cavalo pode voltar a fazer hambúrguers

Governo francês repõe parcialmente a licença sanitária à Spanghero. Mas a decisão definitiva sobre a empresa só será tomada a partir de sexta-feira

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A Spanghero pode produzir carne picada, mas não pode armazenar carne congelada Toby Melville/REUTERS

A empresa francesa Spanghero, que o Governo de Paris suspeita que está no centro do escândalo da carne de cavalo picada encontrada um pouco por toda a Europa misturada em pratos pré-cozinhados de carne de vaca recuperou a licença sanitária para a produção de carne picada, salsicharia e elaboração de pratos cozinhados, anunciou o ministro francês da Agricultura. Mas continua proibida de armazenar matérias-primas congeladas.

“Foram já verificados 80% dos stocks de todas as carnes existentes na empresa, e o trabalho continuará nos restantes 20%”, disse o ministro Stéphane Le Foll. É esperado na sexta-feira o relatório definitivo sobre a situação sanitária na empresa onde as autoridades pensam que a identificação da carne de cavalo importada da Roménia, através de intermediários holandeses, terá sido alterada para passar a constar como sendo de vaca.

Barthélémy Aguerre, o proprietário da Spanghero, tem dito que acreditava estar sempre a usar carne de vaca e não de cavalo. Mas a sua defesa é considerada surpreendente pelas autoridades francesas: diz que não conhece o código de oito números que identifica a carne de cavalo de congelada, para efeitos aduaneiros. Mas as facturas passadas pela sua empresa quando transfere carne congelada para outra empresa envolvida neste caso, chamada Tavola, onde são preparadas refeições congeladas, usam o mesmo sistema de código, explica o Libération.

O ministro da Agricultura francês receberá ainda hoje uma delegação dos trabalhadores da Spanghero - 300 pessoas poderão ficar sem emprego se a companhia fechar, um argumento que Aguerre esgrimiu logo desde o início. A Spanghero fica localizada numa região bastante deprimida, onde a taxa de desemprego tonda os 13,5%.O empresário que dirige outra empresa de produção de carnes no sudoeste de França, chamada Arcardie não tem uma reputação intocável nos negócios. Segundo a revista Nouvel Observateur, já teve problemas na justiça em 2008 com esta cooperativa, “por fraude relativamente às qualidades substanciais e à origem de um produto, fraude agravada com riscos para a saúde humana e colocação à venda de bens perecíveis estragados”.  
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