UE aprova plano para despistar carne de cavalo nos alimentos

Durante um mês vão ser testados produtos à venda em todos os países da União Europeia. Questão continua ser tratada como fraude e não problema de saúde pública.

Foto
Lasanha congelada sob análise num laboratório suíço Pascal Lauener/REUTERS

A União Europeia aprovou um plano para despistar a presença de carne de cavalo não-declarada misturada em alimentos transformados que estão a surgir por toda a Europa. Os testes vão começar já, e os resultados serão apresentados oficialmente a 15 de Abril.

As descobertas de lasanhas de carne de vaca que afinal têm cavalo na Noruega, ou os tortelloni com recheio de carne de cavalo na Áustria e histórias sobre empadas nas refeições escolares no Reino Unido e os hambúrgueres com ADN equino em hospitais na Irlanda do Norte sucedem-se nos media, como uma avalanche. A crise não é propriamente de saúde pública, mas antes a revelação de uma fraude que nos mostra o intricado funcionamento da indústria agro-alimentar europeia, e as possibilidades de fraude, dizem os especialistas.

A proposta do comissário europeu da Saúde e do Consumo Tonio Borg aprovada pelo Comité da Cadeia Alimentar e Saúde Animal nesta sexta-feira prevê que sejam testados entre 10 e 150 produtos em cada Estado-membro (os testes são comparticipados em 75% pela UE e, no total, devem ser analisadas, pelo menos, 2250 amostras). Estes produtos serão alimentos que se compram no supermercado – congelados, refeições prontas, o tipo de alimentos que têm estado a surgir contaminados com carne de cavalo.

Segundo a direcção francesa antifraudes, pelo menos 550 toneladas de um lote de 750 toneladas de carne de cavalo importadas da Roménia foram usadas para fabricar mais de 4,5 milhões de refeições congeladas, sem que fosse identificada a espécie de animal usada na sua confecção, e terão sido vendidas em pelo menos 13 países europeus. A empresa francesa Spanghero foi acusada de fraude pelo Governo de Paris e a Europol foi chamada a investigar.

As regras em vigor na UE estipulam que, quando se compra um alimento transformado, como lasanha pré-cozinhada, por exemplo, deve ser listada a composição das espécies animais usadas na sua composição. Se contém carne de cavalo e não está mencionado, mesmo que a carne seja boa, há crime económico – é isso o que tem estado em causa neste escândalo, e não propriamente uma questão de saúde pública.

Os testes vão também despistar a presença, na carne de cavalo, de um medicamento veterinário, denominado fenilbutazona, que foi detectado no Reino Unido nas carcaças de alguns cavalos que entraram na cadeia alimentar. Os riscos são reduzidos – seria preciso comer 500 a 600 hambúrgueres por dia com 100% de carne de cavalo para se aproximar da dose de risco, sublinham os responsáveis pela saúde pública –, mas é um perigo potencial.

O Reino Unido apresentou também ontem resultados de uma campanha nacional de testes a produtos de carne picada congelados. Dos 2501 itens testados, 29 tinham carne de cavalo – mas resumiam-se a sete produtos concretos, congelados baratos vendidos em supermercados, e todos tinham já sido detectados.

 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar