Coreia do Norte desafia ONU e realiza terceiro teste nuclear

Pyongyang apresentou o acto como uma resposta à "hostilidade" dos Estados Unidos que o classifica de "provocatório". Rússia também condena e China manifesta "oposição firme".

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Na Coreia do Sul, correu imediatamente a notícia Kim Hong-Ji/Reuters

A Coreia do Norte realizou um teste nuclear esta terça-feira num claro desafio ao Conselho de Segurança (CS) da ONU que recentemente ameaçou com novas sanções se o regime agora liderado por Kim Young Un não abandonasse a actividade nuclear. A informação foi avançada pela agência de notícias da Coreia do Sul, Yonhap, a quem a Coreia do Norte confirmou ter efectuado o teste, horas depois de um sismo artificial ter sido detectado por sensores no interior do vizinho do Norte.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se de emergência esta terça-feira, a pedido da Coreia do Sul, depois do que considerou ser “uma clara ameaça à paz e segurança internacionais”. No mês passado, o CS tinha avisado Pyongyang de que o país se sujeitaria a uma "acção significativa" internacional se tomasse uma iniciativa deste tipo. É o primeiro teste nuclear desde que Kim Jong Un, filho do falecido Kim Jong Il, tomou o poder e o terceiro realizado por Pyongyang desde 2006.

Com esta explosão subterrânea, o regime estará mais perto daquilo que será o seu objectivo final: construir uma ogiva miniatura suficientemente pequena para permitir o lançamento de mísseis de longo alcance. Isso pode representar uma ameaça para os Estados Unidos, escreve a AP. 

No teste desta terça-feira, o regime norte-coreano disse ter usado "uma bomba atómica miniatura e mais leve" com uma característica, explica ainda esta agência: a de ter mais potência explosiva do que qualquer outro dispositivo antes testado pela Coreia do Norte. Apresentou-o como uma resposta à "hostilidade" dos Estados Unidos que responsabiliza pelas novas sanções de que foi alvo depois do lançamento de um míssil em Dezembro.

A condenação do acto desta terça-feira não veio apenas do CS da ONU e do Presidente dos Estados Unidos Barack Obama – que o qualificou de “provocatório”. "O perigo colocado pelas actividades ameaçadoras da Coreia do Norte justifica uma acção rápida e credível da comunidade internacional. Continuaremos também a tomar as medidas necessárias para nos defendermos e defendermos os nossos aliados", disse Obama em comunicado. 

Reacções multiplicam-se
Também a Rússia condena o teste nuclear, embora através de uma fonte diplomática anónima em declarações à agência oficial de notícias Interfax, que disse ser uma violação das resoluções do CS. A China, aliado histórico da Coreia do Norte, e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, não fala em condenação mas manifesta a sua “oposição firme” perante um acto que coloca Pyongyang em oposição à comunidade internacional. E o Irão desaprova dizendo que “nenhum país” deve ter a bomba atómica.

França e Reino Unido, pelas vozes do Presidente François Hollande e do ministro dos Negócios Estrangeiros William Hague, condenam fortemente a acção norte-coreana e apelam a uma acção firme internacional. Paris compromete-se a apoiar uma acção no CS e Londres vai no mesmo sentido ao dizer apoiar “uma resposta forte” do organismo das Nações Unidas com poder para aprovar medidas viculativas.

Do Japão, também vem a condenação firme. O primeiro-ministro japonês qualificou o teste nuclear de “extremamente lamentável”. O mesmo termo foi usado pela Agência Internacional de Energia Atómica em Viena na Áustria. O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, através de um porta-voz, considerou o gesto “profundamente desestabilizador”.

 
 
 
 
 
 

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