Biografia autorizada de Steve Jobs revela “workaholic” marcado pela adopção

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Jobs foi dado para adopção por Joanne Schieble, uma jovem licenciada do Winconsin que o teve aos 23 anos Reuters

É o livro-sensação do momento. “Steve Jobs”, escrito por Walter Isaacson e ontem publicado, é a biografia autorizada do ex-patrão da Apple que faleceu no passado dia 5 de Outubro aos 56 anos de idade. O livro chega a Portugal em Novembro. A obra traça o perfil de um homem obcecado pelo seu trabalho e marcado pelo facto de ter sido adoptado.

“Aqui está uma resenha enciclopédica de tudo aquilo que Jobs conquistou, com a paixão e a excitação que isso merece”, avaliou a crítica literária do “NY Times”, Janet Maslin.

A obra saiu ontem à venda em suporte físico e no domingo à noite em suporte digital na loja iBooks, da Apple, e na loja da Amazon para os e-readers Kindle. O livro “Steve Jobs” está já em primeiro lugar no top de vendas digitais da Amazon e, se as coisas continuarem assim, Brittany Turner - porta-voz da empresa, estimou ser “muito provável que se converta no livro mais vendido do ano”.

“O facto de ter sido uma criança adoptada foi determinante para a personalidade de Jobs”, resumiu à EFE o autor do livro, Walter Isaacson - antigo administrador da CNN e ex-editor da revista “Time” -, que fez cerca de 40 entrevistas a Jobs e conversou com centenas de familiares, amigos, concorrentes, adversários e colegas.

O facto de Jobs ter sido adoptado tornou-o mais independente e mais alheado do mundo em que vivia, mas também o tornou mais especial, indicou Isaacson. “Alguns dos seus amigos pensam que [a adopção] gerou um sentimento de abandono que fez com que Jobs ficasse ansioso por demonstrar que tinha valor”.

Jobs foi dado para adopção por Joanne Schieble, uma jovem licenciada do Wisconsin que o teve aos 23 anos, e por Abdulfata 'John' Jandali, um homem que mais tarde abriu um restaurante em San Jose, Califórnia, onde Jobs chegou a ir algumas vezes desconhecendo que estava a comer no estabelecimento do seu pai biológico. Nenhum dos dois estava a par dos laços de sangue que os uniam quando estiveram juntos no estabelecimento.

Depois da morte da mãe adoptiva, Clara Jobs, Steve decidiu procurar a sua mãe biológica com a autorização do seu pai adoptivo. Acabou por encontrá-la em Los Angeles. Supreendida e feliz, Joanne Schieble (Simpson por apelido de casamento) acabou por lhe pedir desculpas por o ter dado para adopção. Foi nessa altura que Joanne apresentou Steve à sua irmã biológica, Mona Simpson - uma escritora -, tendo os dois iniciado uma sólida relação de amizade.

Com o seu pai biológico Steve nunca quis ter uma relação. Levou-lhe a mal o facto de ter abandonado a sua mãe e a sua irmã biológica (desapareceu quando Mona tinha cinco anos).

Curiosamente, para além de ter sido um filho preterido, Jobs foi igualmente um pai que preteriu. A sua primeira filha, nascida de uma relação intermitente com uma mulher chamada Chrissann Brennan, é agora uma adulta de nome Lisa Brennan com quem Jobs só começou a ter uma relação mais próxima depois de esta completar oito anos.

Estas complexas relações de família são um dos aspectos abordados na biografia oficial de Jobs que quis deixar as suas memórias em livro a fim de que os seus filhos (tem três filhos do seu casamento com Laurene Powell Jobs) o pudessem conhecer melhor uma vez desaparecido.

Mas o livro fala igualmente da sua relação apaixonada e obsessiva com o seu trabalho. Nos anos 80 chegou a estar obcecado com a Microsoft, explica Walter Isaacson, porque achava que Bill Gates lhe estava a roubar as ideias. Passou-se a mesma coisa nos últimos anos com o Google. Achava que aquela empresa se tinha apropriado de alguns conceitos do iPhone e do seu sistema operativo móvel.

Mas Isaacson realça que Jobs não era um homem vingativo e que chegou a “forjar” uma amizada com Gates.

Fica igualmente a saber-se neste livro que Jobs retardou o tratamento cirúrgico do seu cancro pancreático porque preferiu inicialmente lidar com o problema recorrendo a dietas e a tratamentos naturais.

Quando se tornou evidente que Jobs não sobreviveria, Isaacson diz que o homem-forte da Apple não deixou de trabalhar e não mostrou qualquer medo da morte. “Apesar de reflectir sobre Deus e sobre o mistério daquilo que está para lá da vida, Jobs não tinha medo da morte”, escreve a EFE.

O seu maior orgulho na vida foi o de ter construído uma empresa que irá “perdurar sem ele”, mesmo porque, segundo o seu biógrafo, Jobs deixou “ideias novas e brilhantes para telefones e outros produtos” que verão a luz num futuro próximo.

Notícia actualizada às 11h30
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