Quatro membros do Hezbollah vão ser julgados pela morte de Rafik Hariri

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Saad Hariri pede a entrega dos suspeitos e um julgamento justo Mohamed Azakir/Reuters

O Tribunal Especial para o Líbano da ONU publicou as acusações contra quatro membros do Hezbollah suspeitos pelo homicídio do antigo primeiro-ministro libanês Rafik Hariri em 2005, e afirmou ter provas suficientes para avançar para julgamento.

Os quatro suspeitos, todos ligados ao Hezbollah, foram acusados pela morte de Hariri através de provas circunstanciais obtidas pelo acesso a vários registos telefónicos, informou a acusação.

A procuradoria identificou os telemóveis e os nomes falsos que os homens usaram e reconstruíram os seus passos através das chamadas efectuadas, que coincidiram em grande medida com os movimentos de Hariri durante os meses precedentes ao atentado.

Até agora, o Líbano não deteve os suspeitos, que deverão ser julgados à revelia.

O Tribunal divulgou no mês passado os nomes dos suspeitos, fotografias e outras informações biográficas. Os homens procurados são Mustafa Amine Badreddine, 50 anos, figura importante do movimento xiita Hezbollah, Salim Jamil Ayyash, 47, Hussein Hassan Oneissi, 37, e Assad Hassan Sabra, de 34 anos. A procuradoria acusa os quatro homens de “conspiração com vista a um ataque terrorista”.

O documento oficial da acusação, de 47 páginas, alega que Mustafa Badreddine era o líder da operação. Salim Ayyash, outro membro importante do Hezbollah, é acusado de ter coordenado e perpetrado o ataque, enquanto os restantes suspeitos serão julgados por cumplicidade e por tentarem lançar falsas pistas para desencaminhar as investigações.

Rafik Hariri e outras 22 pessoas foram mortas em Fevereiro de 2005, no centro de Beirute, capital libanesa, causando uma crise política, violência e bombardeamentos que culminaram em confrontos sectários em 2008, que por sua vez colocaram o país à beira da guerra civil.

O Hezbollah tem negado veementemente qualquer envolvimento e declarou o Tribunal Especial para o Líbano uma ferramenta do Ocidente e de Israel para desacreditar o grupo rebelde.

O ex-primeiro-ministro libanês Saad Hariri, filho de Rafik Hariri, já pediu ao Hezbollah que entregue os quatro membros. "Eu espero que o comandante do Hezbollah, e em particular Hassan Nasrallah [chefe do partido xiita], tome uma decisão histórica (...) e anuncie uma cooperação total com o tribunal internacional na entrega dos acusados para que haja um julgamento justo ", disse em comunicado citado pela AFP. O Hezbollah "deve parar com a política de fuga para a frente", acrescentou.

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