Início da guerra no Iraque foi ditado há cinco anos na Cimeira das Lajes
Faz hoje cinco anos que os olhos do Mundo estiveram centrados na Base das Lajes, nos Açores, quando o Presidente norte-americano e os então primeiros-ministros britânico, espanhol e português protagonizaram uma reunião que ditaria o início da guerra contra o regime iraquiano de Saddam Hussein e que ficaria conhecida como Cimeira das Lajes ou Cimeira da Guerra.
No meio do Atlântico, George W. Bush (EUA), Tony Blair (Reino Unido) e José Maria Aznar (Espanha), recebidos pelo primeiro-ministro português de então, Durão Barroso, reuniram-se, na tarde de 16 de Março de 2003, para uma cimeira que culminou, quatro dias depois, na madrugada de 20 do mesmo mês, com o início da intervenção militar no Iraque.
Desencadeada por uma coligação militar internacional, liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, e apoiada por Portugal e Espanha, entre outros países, a operação conduziu à ocupação militar do Iraque, que se mantém, e ao derrube do regime de Saddam Hussein, que viria a ser capturado, julgado e condenado à morte por enforcamento por um tribunal iraquiano.
Da reunião na ilha Terceira, nos Açores, havia saído um aparente derradeiro ultimato à ONU e a Saddam Hussein no sentido de se evitar uma intervenção militar no Iraque, alegadamente por via de uma solução diplomática para uma crise em que já então parecia inevitável o recurso à força das armas.
"Ou o Iraque se desarma ou é desarmado pela força", afirmou George W. Bush, na conferência de imprensa final da Cimeira das Lajes, que decorreu na base militar portuguesa, que acolhe um destacamento militar norte-americano, ao abrigo do Acordo de Cooperação e Defesa assinado entre os dois países.
Bush referia-se à então tida como hipótese credível de o Iraque dispor de armas de destruição maciça, nomeadamente químicas, uma suspeita que, embora tivesse sido a principal justificação oficial para a intervenção militar externa no país, viria a revelar-se infundada e nunca suficientemente sustentada, como reconheceram anos depois, um a um, todos os protagonistas da Cimeira das Lajes.
Já depois do encontro, que levou centenas de jornalistas de todo o mundo à ilha Terceira, Durão Barroso disse que a Cimeira das Lajes tentou ser uma alternativa à guerra, uma última tentativa de se encontrar uma solução política e diplomática para a crise.
A cimeira decorreu numa altura em que o conflito armado no Iraque já era dado como praticamente inevitável. "Há poucas razões para esperar que Saddam se desarme", reconhecia o Presidente norte-americano, na véspera do encontro das Lajes.
Esta foi uma das ocasiões que colocaram a base portuguesa no centro das atenções mundiais, à semelhança de Dezembro de 1971, quando acolheu um encontro entre os presidentes norte-americano, Richard Nixon, e francês, George Pompidou.
Este "porta-aviões" no meio do Atlântico começou a ser utilizado pelos EUA em 1946 e, além dos militares, dá emprego a cerca de 850 portugueses civis que trabalham para os norte-americanos.