Serralves recebe cidade do futuro concebida pelo japonês Arata Isozaki

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As obras de Arata Isosaki caracterizam-se por exibirem formas redondas e coloridas DR

A exposição do projecto mítico de uma cidade do futuro, concebida pelo arquitecto japonês Arata Isozaki a partir da destruição de Hiroshima e Nagasaki, abre ao público amanhã no Museu de Serralves, no Porto.

"Electric Labyrinth" (Labirinto Eléctrico) é a recuperação de uma instalação feita por Isozaki, um dos arquitectos pós-modernistas mais premiados e reconhecidos mundialmente, para a XIV Triennale di Milano, Itália, em Maio de 1968.

A Triennale não chegou a abrir ao público devido ao protesto de centenas de artistas, que invadiram o espaço do certame durante dez dias e destruíram o original Iconoclash, de Isozaki, entre outras obras expostas.

Baseando-se nos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki, o trabalho agora recuperado reflecte preocupações culturais e políticas da década de 60 do século passado, mostrando a possibilidade mítica de a cidade do futuro implicar permanentemente um estado de ruína.

A instalação foi elaborada pelo arquitecto, em colaboração com artistas como Koe Siyura, um dos "designers" mais criativos do Japão do pós-guerra, o fotógrafo Shomei Tomatzu e o compositor Toshi Itchiyanagi.

As obras de Arata Isosaki caracterizam-se por exibirem formas redondas e coloridas, com detalhes pormenorizados, de que é exemplo o complexo dos escritórios da Disney Company em Orlando, na Florida (EUA), com dois edifícios arredondados a lembrar as orelhas do Rato Mickey.

O arquitecto foi também autor do Estádio Olímpico de Barcelona (1992), do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, EUA (1986) e do Museu de Arte Moderna Gunma na cidade de Takasaki, no Japão (1978).

Arata Isozaki nasceu em Oita, no Japão, em 1931, tendo estudado na Universidade de Tóquio, antes de integrar a equipa de "designers" de Kenso Tange. Em 1963, separou-se do grupo para começar a trabalhar sozinho. Hoje é considerado o sucessor de Tange como líder criativo da arquitectura japonesa.

Os seus trabalhos são influenciados pela escola do metabolismo e também pelo maneirismo, principalmente na expressão exagerada das estruturas. Isozaki distingue-se também no campo dos livros e das teorias arquitectónicas.

"Electric Labyrinth" estará no Museu de Arte Contemporânea de Serralves até 4 de Janeiro, entre as 22h00 e 00h00, em simultâneo com um projecto do jovem arquitecto português radicado em Paris Didier Fiúza Faustino.

Faustino criou um ambiente de permanente desafio entre arte e arquitectura, a partir das obras do arquitecto e artista norte-americano Gordon Matta Clark existentes no acervo da Fundação de Serralves.

O jovem arquitecto tem vindo a afirmar-se na cena artística francesa e internacional e uma das suas obras incorporou recentemente a exposição permanente da Colecção do Centro Georges Pompidou de Paris.

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