E ao segundo ano, o Mude fez refresh

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Fotografias rui gaudêncio

A partir de hoje, dezenas de peças nunca vistas refundam a exposição permanente do Museu do Design e da Moda. O segundo aniversário do museu celebra-se com Único e Múltiplo

Dois anos de Museu do Design e da Moda (Mude) deram para muita coisa. Para, em jeito de balanço, rever e, agora, baralhar e voltar a dar a exposição permanente. Para aumentar o espólio do Mude com novas colecções em depósito (Daciano Costa, António Garcia) ou de aquisição permanente (Ana Salazar). Para polémicas laborais que terminaram com o despedimento colectivo de assistentes de exposição. E para firmar protocolos, como a iminente colaboração com a Fundação Gulbenkian, que fará chegar dentro de poucos meses à exposição permanente peças clássicas do design adquiridas desde a década de 1970 pela instituição.

Esses clássicos, que ficarão em depósito no Mude, juntar-se-ão à nova versão da exposição permanente do museu que hoje se inaugura. Peças nunca vistas, nem no Centro Cultural de Belém, antiga casa da colecção Francisco Capelo que hoje constitui o cerne do acervo do Mude. Um toucador gélido de Giò Ponti (1937), um candelabro Raymond Subes (1948), uma mesa, belíssima, de Piero Fornasetti (1955), uma estante, sólida, de Massimo Morozzi (1995), estavam já ontem nos seus lugares. Muito ainda por fazer. Nos cofres do edifício, os manequins com outras tantas peças icónicas e nunca vistas, de moda do século XX, alinham-se. Prontos para subir ao piso da exposição Único e Múltiplo, que sucede aos inaugurais Flashes do Mude para o aniversário.

Um raro John Galliano dos anos 1980, um esguio vestido Madame Grés (tão, tão esguio que o manequim teve de ser feito à medida), Comme des Garçons, Ana Salazar, Castelbajac, Alves/Gonçalves, Yamamoto. Entre eles, Bárbara Coutinho, directora do museu e curadora de Único e Múltiplo, descreve este refresh da exposição. "São quase os heterónimos do design", explica na sala que, no futuro, será usada para as reservas do museu.

"Nestes dois anos, sentimos a falta de uma base, de um discurso histórico mais estrutural e contextualizado, com mais meios de interpretação [para os visitantes e com mais trabalho de investigação sobre a própria colecção do Mude]", explica. Único e Múltiplo quer criar "um percurso mais claro, que sirva de base para as exposições temporárias", pela história destes objectos - do século XIX, com uma cadeira Thonet de 1851, cedida para depósito pelo Museu Nacional de Arte Antiga, a 2009. Mais autores portugueses, mais novos autores, mais objectos do quotidiano - esferográficas BIC, Post-its, Tupperwares, mas não primeiras edições. São múltiplos. Mas também há objectos únicos nesta versão revista e contextualizada. Daí Único e Múltiplo. Daí, precisa Bárbara Coutinho, "querer que o público fique ainda mais curioso" e reflicta sobre o design, nos seus lados experimental e de mercado, e sobre estes três séculos que nos contemplam, com o Tejo ao fundo. Novas peças contam a história do design no Mude: das curvas de Giò Ponti às costuras de Galliano

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