Zuckerberg em tribunal por violação de propriedade intelectual

A startup americana ZeniMax Media processou judicialmente a Oculus, empresa detida pelo Facebook, por alegada apropriação de tecnologia usada em óculos de realidade virtual.

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Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook numa conferência de imprensa, em São Francisco, EUA Reuters/STEPHEN LAM

Mark Zuckerberg vai testemunhar no tribunal de Dallas, no Texas nesta terça-feira num processo que opõe a Oculus, empresa que o dono do Facebook adquiriu em 2014, e a ZeniaMax. A ZeniMax Media acusa a Oculus, Mark Zuckerberg e Jonh Carmack, actualmente director de Tecnologia da Oculus VR, de roubo de propriedade intelectual que envolve tecnologia de realidade virtual.

Em causa está a produção dos óculos de realidade virtual, The Rift – desenvolvidos e comercializados pela Oculus, propriedade do Facebook, que considera esta área uma parte vital na estratégia da empresa para os próximos dez anos, com recurso a tecnologia desenvolvida pela ZeniMax.

Toni Sammi um dos representantes legais da ZeniMax Media descreveu o acontecimento como “um dos maiores roubos de tecnologia de sempre” na sessão de abertura do julgamento, segundo a Wired.

A startup de jogos interactivos para consolas e computadores sente-se lesada e pretende requerer junto do tribunal 1888 milhões de euros de indemnização pelo roubo de tecnologia de realidade virtual.

Por sua vez, os advogados da Oculus “lamentam que outra firma tente obter crédito sobre uma tecnologia para qual não soube ter a visão, a perícia ou a paciência para construir”, salienta a BBC.

Diz, ainda, a emissora britânica que Mark Zuckerberg irá defender em Tribunal que a ZeniMax não conseguiu antever o potencial da tecnologia de realidade virtual e que foi o trabalho da Oculus que permitiu a valorização da tecnologia, tal como conhecemos actualmente.                      

O processo instaurado pela ZeniaMax tece duras acusações sobre Jonh Carmack, que entre Agosto e Novembro de 2013 foi programador-principal em jogos como Wolfenstein 3D (1992)Doom (1993) e Quake (1996) na empresa ID Software.

“ [Ele] copiou milhares de documentos contendo propriedade intelectual dos computadores da ZeniMax para um dispositivo de armazenamento USB e que erradamente levou consigo para a Oculus”, lê-se no processo de acusação.

Segundo a BBC, os advogados de Carmack fazem uma leitura diferente do contrato de trabalho do seu cliente e dizem que este poderia trabalhar com outras empresas que não estivessem em mercado concorrencial.

Foi o próprio Carmack quem, em 2013, optou por desvincular-se da ID Software, uma empresa que pertence à ZeniaMax e que estava mais focada na produção de jogos. Numa entrevista dada ao USA Today, em 2014, Jonh Carmack disse que quando se apercebeu que não iria poder trabalhar com realidade virtual optou por sair e foi encontrar lugar na direcção de tecnologia da Oculus VR.

Na audiência desta terça-feira é esperado também o depoimento do co-fundador da Oculus, Palmer Luckey, responsável pelo protótipo dos óculos de realidade virtual que captaram a atenção do presidente executivo do Facebook.

Espera-se que o depoimento de Palmer Luckey que, admitiu publicamente que não tinha os conhecimentos necessários para desenvolver o seu protótipo e que por isso recorreu à ZeniaMax em busca de auxílio, venha a clarificar este processo complexo.

Os advogados de Carmack argumentaram que os "segredos comerciais" que a Zenimax alega ter perdido eram de facto " fruto da participação e do envolvimento de Carmack com Palmer Luckey e Oculus" e, portanto, não pertenciam à Zenimax. Segundo a Wired, o julgamento que começou a 9 de Janeiro, tem uma duração prevista de três semanas.

Texto editado por Victor Ferreira

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