YouTube Kids acusado de mostrar anúncios que seriam ilegais em televisão

Queixa conjunta apresentada junto da entidade norte-americana que regula o comércio. Google discorda das acusações.

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Daniel Rocha

Um grupo de organizações pela defesa dos direitos das crianças e dos consumidores apresentaram uma queixa à Federal Trade Commission, a entidade norte-americana que regula o comércio, a alegar que a YouTube Kids, a aplicação do canal de vídeos do Google destinada aos mais pequenos, está a passar anúncios que têm como objectivo levar as crianças a quererem os produtos anunciados.

A YouTube Kids foi lançada em Fevereiro e tem como alvo o público infantil. Através da app, as crianças podem ver séries icónicas infantis nos Estados Unidos, sob controlo parental. Segundo as políticas de funcionamento da app estabelecidas pelo YouTube, a publicidade no canal não pode conter produtos relacionados com o consumo de alimentos ou bebidas, independentemente do seu conteúdo nutricional, nem promoção de apps.

Na terça-feira, um grupo de organismos manifestou a sua indignação com os anúncios que são mostrados com os vídeos, considerando que estes não cumprem as regras estabelecidas nos Estados Unidos quanto à publicidade dirigida a crianças, nomeadamente a que se refere a marcas como a McDonald's, a Fisher Price ou a American Greetings, e que o próprio YouTube está a violar regras internas da empresa.

De acordo com especialistas em desenvolvimento infantil e grupos de defesa dos consumidores, as crianças têm dificuldade em distinguir vídeos de entretenimento ou educacionais dos que são publicitários. Jeff Chester, director executivo do Center for Digital Democracy (Centro para a Democracia Digital), um dos grupos que subscreve a queixa, considera, em declarações ao Washington Post, que as “crianças merecem ter salvaguardas eficazes que as protejam, independentemente do ecrã que estejam a usar”.

O responsável considera que a Federal Trade Commission deve actualizar as regras relativas à inclusão de publicidade em aplicações móveis. “Além de garantir que o Google pare com o seu comportamento ilegal e irresponsável contra crianças no YouTube, as novas políticas serão necessárias para atender ao crescente e poderoso arsenal de marketing digital e coordenar as práticas que estão a moldar a cultura de media contemporânea das crianças, em telemóveis, redes sociais, dispositivos de jogos e plataformas de vídeo online”, defende Jeff Chester ao jornal.

Ao Washigton Post, o professor de Comunicação na Universidade do Arizona, Dale Kunkel, considerou que a “YouTube Kids tem o ambiente mais hipercomercializado para as crianças” que conhece. “Muitas dessas tácticas de publicidade [presentes no canal] são consideradas ilegais na televisão [norte-americana]”, reforçou.

Ao PÚBLICO, fonte do Google indicou que o motor de busca, ao desenvolver a aplicação YouTube Kids, está "permanentemente em contacto com inúmeros parceiros e grupos de defesa dos direitos das crianças". "Dado que estamos sempre disponíveis para receber feedback para melhorar a nossa aplicação, não fomos contactados pelas instituições que apresentaram a queixa como também discordamos totalmente do que é dito pelas mesmas", sublinha a mesma fonte.

Notícia actualizada às 12h05 de 13 de Abril: Acrescenta reacção do Google à qeuixa apresentada junto da Federal Trade Commission.

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