Útil desilusão

Por muito conservador que se seja, nunca se está preparado para os ultrajes do capitalismo.

Por muito conservador que se seja, nunca se está preparado para os ultrajes do capitalismo. Surgem quando se compra uma máquina de barbear da Gillette por tuta e meia (incluindo uma lâmina grátis). Depois, quando se vai comprar uma "recarga", descobre-se que as lâminas novas custam mais do que as máquinas.

Até à alvorada do século XXI era possível comprar máquinas novas de 15 em 15 dias. Saía mais barato. Parecia um desperdício de máquinas, mas era uma poupança de dinheiro.

A Gillette, entretanto, percebeu que havia uma estratégia de resistência e acabou com essa balda. Foi nesse momento que passei para as máquinas de barbear com lâminas duplas de barba. As da Gillette, fabricadas na Suécia, são boas, mas as melhores e mais afiadas são as lâminas japonesas Feather, que se compram numa companhia tailandesa na Amazon e que obrigam a uns trabalhosos mas justos direitos alfandegários.

O momento mais horrendo de epifania anticapitalista é quando se comprou uma impressora por 50 euros e, depois de 250 páginas impressas, se descobre que um novo tinteiro custa entre 100 e 200 euros.

Qual é a alternativa? Não há nenhuma. Uma única coisa é certa: mais vale imprimir em papel tudo o que se tenha para imprimir nas lojas especializadas, que vão da excelentíssima Staples à loja de correios mais perto de onde moramos.

Imprimir é hoje a caligrafia do século XXI. Está para as gratuitas fotografias digitais como as careiras impressões em papel fotográfico.

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