Trump obrigado a trocar de telemóvel pelos serviços secretos

O presidente dos EUA foi obrigado a abandonar o seu Samsung Galaxy pelos serviços secretos, mas o novo telemóvel e número não o impedem de continuar a ser um “alvo de alto risco” para ataques cibernéticos.

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Um novo número vai restringir o acesso dos jornalistas a Trump Reuters/KEVIN LAMARQUE

Quando se governa um país, o tipo de telemóvel que se usa torna-se uma questão de segurança nacional. É assim que surge a notícia de que o novo presidentes dos EUA, Donald Trump, teve de abandonar o seu telemóvel de eleição, um Samsung Galaxy, com Android, antes da tomada de posse na sexta-feira.

Agora, e como habitual com os Presidentes, Trump usa um aparelho encriptado e aprovado pelos serviços secretos, e tem um novo número de telefone que apenas algumas pessoas conhecem, segundo o jornal The New York Times. É uma forma de proteger as comunicações de ataques informáticos, sobretudo dada a extensa e incontrolada rede de contactos que Trump criou durante a sua campanha presidencial e período de transição.

Porém, qualquer aparelho móvel ligado à Internet sem modificações de segurança torna o presidente dos Estados Unidos um alvo de risco para espionagem de acordo com profissionais do sector da cibersegurança citados pelo site especializado Ciberscoop. "Primeiro, há o risco óbvio de chamadas de origem não encriptada, mensagens de texto e navegação na Internet serem interceptada por atacantes. Depois, as próprias redes wi-fi podem estar a ser monotorizadas por terceiros,” explicou o Elad Yoran, o director executivo da KoolSpan, uma empresa especializada em serviços de mensagens encriptadas.

Não se sabe qual é o novo telemóvel de Trump, mas versões personalizadas dos BlackBerry são os dispositivos de preferência dos serviços secretos, desde a eleição de Obama em 2008.

Recentemente, Barack Obama pôde mudar para uma versão especial do Samsung Galaxy S4, mas o dispositivo era um smartphone apenas no aspecto, pois tinha a maioria das funcionalidades bloqueadas pelos serviços secretos para reduzir a possibilidade de ataques e vírus.

Numa entrevista no The Tonight Show, o então presidente disse que o aparelho o fazia lembrar um brinquedo. “Deram-me o aparelho, e disseram, ‘Bom, senhor Presidente, por razões de segurança o telemóvel é excelente, mas não tira fotos, não envia mensagens, o telefone não funciona e não pode tocar música,” contou Obama.

Com Donald Trump não é apenas o tipo de dispositivo que está em questão. O gosto de Trump por dar a conhecer a sua opinião via mensagens no Twitter – com grande parte dos tweets a serem enviados do seu antigo Samsung Galaxy – tornou-o numa uma personalidade extremamente acessível. Respondia directamente a jornalistas e celebridades via Twitter, e facilmente aceitava chamadas de outros políticos, lideres mundiais e repórteres sem marcação prévia ou qualquer verificação.

O Twitter servia para Trump criticar países - com a China a ser recentemente acusada de retirar dinheiro aos EUA - e para discordar publicamente com celebridades. Após os Globos de Ouro, além de utilizar o Twitter para responder às críticas da actriz norte-americana, Meryl Streep à sua futura presidência, Donald Trump ainda deu uma entrevista telefónica a um jornalista do New York Times na mesma noite a comentar o sucedido. 

Ainda assim – pode não ser a última vez que o público ouve falar do Samsung Galaxy de Donald Trump. O museu Newseum, em Washington, que imortaliza a história da liberdade de expressão e da evolução da comunicação electrónica, já revelou interesse em incluir o antigo telemóvel do presidente dos Estados Unidos na sua colecção.

Artigo editado por João Pedro Pereira

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