Serviços geológicos americanos estão a usar o Twitter para detectar sismos

USGS filtrou tweets com informação sobre sismos e concluiu que estes são uma fonte de dados importante para o seu trabalho.

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Nem sempre os 2000 sensores do USGS detectam actividade sísmica em algumas partes do mundo FREDERICK FLORIN/AFP

O Twitter é mais rápido que o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) a detectar sismos e a passar informação sobre os fenómenos? Sim. Isso aconteceu após o abalo de 2008 na província chinesa de Sichuan, que provocou mais de 70 mil mortos. Os primeiros dados de que a terra tinha tremido chegaram em formato tweet e foi assim que o USGS soube do sucedido antes de registar qualquer actividade nos seus equipamentos.

O centro de informação do USGS possui dois mil sensores de sismos mas a maioria está localizada em território norte-americano. Apesar de conseguir registar abalos noutros países, a rapidez com que o faz nem sempre é a melhor. Para minimizar o tempo entre o sismo e a confirmação e alerta à população, o USGS estabeleceu uma parceria com o Twitter, a que os utilizadores recorrem também para passar palavra sobre fenómenos como estes, bem como dados que podem ser relevantes para análise do abalo e as suas consequências. De referir que a "base de dados" do Twitter é alimentada actualmente por 316 milhões de utilizadores activos.

Cépticos inicialmente quanto à utilidade do Twitter para o seu trabalho, elementos da equipa do USGS acabaram por testar a rede social para avaliar o que esta poderia oferecer. Um post da rede de microblogging explica que um sismólogo e um técnico de software do USGS utilizaram o API (Interface de Programação de Aplicações) público do Twitter e chegaram a algumas conclusões.

Descobriram que as pessoas que publicam tweets sobre sismos acabados de acontecer escrevem pouco e, por isso, acabaram por filtrar os tweets que tinham mais de sete palavras. A equipa do serviço geológico concluiu que as pessoas que partilhavam links ou dados sobre a intensidade do sismo partilhavam informação a que já tinham tido acesso noutros locais. Assim, foram excluídos todos os tweets que divulgavam links ou um número. Após esta filtragem, o USGS considerou que os que sobravam provaram ser “bastante significativos para determinar quando os sismos ocorreram globalmente”, indica o Twitter.

A partir de agora, quando um número relevante de pessoas começa a lançar tweets sobre um abalo na sua área, o USGS recebe de imediato um alerta. Caso um dos sensores do USGS detectar actividade sísmica numa área densamente populosa mas não é emitido nenhum tweet, o organismo passa a considerar que se tratou de um falso alarme. Foi isso que se passou o ano passado quando o USGS detectou através dos seus sensores um sismo de magnitude 5 na zona da Califórnia. O organismo alertou para o caso no seu site mas quando foi consultado o sistema de alerta Twitter e nenhum tweet tinha sido disparado, o USGS percebeu que o sismo nunca tinha acontecido. "É essa a chave. Os dados do Twitter são totalmente independentes. São uma verificação secundária", indicou à CNN Paul Earle, sismólogo no USGS.

Paul Earle considera que esta "não é uma mudança revolucionária" naquilo que os serviços geológicos fazem, mas dá "aquele minuto extra" para o USGS iniciar a sua própria resposta.

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