Se quer ser mais feliz e ter menos stress, deixe o Facebook

Estudo conclui que pessoas que não acedem à rede social são menos deprimidas e estão mais satisfeitas com a sua vida social.

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O Facebook decidiu reforçar a presença nos telemóveis Thomas Hodel/Reuters

Um estudo dinamarquês concluiu que 55% das pessoas com conta no Facebook têm uma maior tendência para se sentirem stressadas do que as que não usam a rede social. O trabalho, que teve como objectivo analisar de que forma o Facebook afecta o bem-estar, determinou ainda que a esmagadora maioria das pessoas que acedem às suas páginas o fazem como uma rotina diária mas que os que ficam sem clicar no feed de notícias são mais felizes.  

No âmbito do estudo do Instituto de Pesquisa de Felicidade dinamarquês foi analisado o comportamento de 1095 pessoas, com idades entre os 16 e 76 anos, que depois foram divididas em dois grupos de quase 550 pessoas: o de controlo e o de tratamento. Enquanto ao primeiro foi permitido o uso do Facebook durante uma semana, ao segundo foi pedido que não entrassem na sua conta durante uma semana.

Após os sete dias da experiência, foi pedido a todos que voltassem a avaliar as suas vidas com e sem Facebook, e as respostas mostraram-se mais significativas do lado do grupo de tratamento. Quando questionados sobre de que forma a sua vida era satisfatória, de 1 a 10, o grupo de controlo registou uma média de 7,67 antes da experiência e de 7,75 após. Do lado do grupo de tratamento, antes a média foi de 7,56, para passar a 8,12 após uma semana de teste.

Dos inquiridos, 94% afirmou que acede à rede social como uma rotina diária, 78% usa o Facebook mais de meia hora por dia, 61% prefere publicar coisas positivas no seu perfil e 69% prefere partilhar fotografias das suas melhores experiências.

No último dia da experiência, a equipa do Instituto de Pesquisa de Felicidade dinamarquês pediu aos dois grupos que se manifestassem quanto ao seu estado de humor. Os que estiveram sem aceder ao Facebook afirmara-se mais felizes e menos tristes e sozinhos. Segundo os resultados do estudo, 88% do grupo de tratamento disse estar feliz, contra 81% dos que acederam à rede social. Quanto à tristeza, 34% do grupo de controlo admitiu ser esse o seu estado de espírito, tal como 22% do outro grupo. Sobre se gostavam da vida que tinham, 84% dos que ficaram sem Facebook anuíram, tal como 75% dos restantes inquiridos. Por outro lado, 33% dos que se mantiveram ligados à rede social disseram-se deprimidos, contra 22% do lado do grupo de tratamento.

Os dois grupos foram ainda questionados quanto à sua actividade social e satisfação com a vida social fora do Facebook. Quando comparados os dados anteriores e posteriores à experiência, o grupo de controlo ficou abaixo da média do grupo de tratamento. De 1 a 5, o primeiro grupo não ultrapassou uma média de 3,81 no critério actividade social e de 3,99 no critério de satisfação com a vida social. O segundo grupo registou uma média de 3,85 para o primeiro critério e 4,08 para o seguinte.

O estudo concluiu ainda que o grupo em tratamento teve menos dificuldades em se concentrar e considerou ter desperdiçado menos tempo do que quando estava online. Já cinco em cada dez pessoas afirmaram invejar as experiências positivas de outros no Facebook, um em cada três a forma feliz como outras pessoas aparecem online e quatro em dez o aparente sucesso que amigos e familiares afirmaram ter através dos seus perfis.

No geral, o Instituto de Pesquisa de Felicidade chegou à conclusão que 39% das pessoas com conta no Facebook têm uma maior tendência para se sentirem menos felizes que os seus amigos e que 18% dos que fazem uma pausa na utilização da rede social tendem a sentir-se mais presentes na sua interacção com os outros.

O Instituto de Pesquisa de Felicidade dinamarquês tem focado o seu trabalho no bem-estar, felicidade e qualidade de vida. O seu objectivo é estudar as causas e efeitos da felicidade humana, tornar o bem-estar subjectivo parte da agenda de debate público e melhorar a qualidade da vida dos cidadãos, segundo a apresentação do instituto no seu site.

No caso deste estudo, o presidente-executivo do instituto, Meik Wiking, explicou ao The Guardian que no “Facebook há um constante bombardeamento das notícias fantásticas dos outros, mas muitos de nós olham para a janela e vêem um céu cinzento e chuva”. “Isto faz com que o mundo Facebook, onde todos mostram o seu melhor lado, pareça ainda mais distorcido por contraste; por isso, quisemos ver o que acontecia quando os utilizadores faziam uma pausa.”

Stine Chen, 26 anos, fez essa pausa no âmbito do estudo e admitiu que no início ficar separado desta sua vida online foi difícil. “O Facebook tem sido uma grande parte da minha vida desde adolescente e muitas das actividades sociais são organizadas em torno da rede social”, contou.

“Quando acordava, mesmo antes de sair da cama, abria o Facebook no meu telemóvel apenas para ver se alguma coisa de excitante ou importante tinha acontecido durante a noite”, partilhou, por sua vez, Sophie Anne Dornoy, de 35 anos. Para a experiência, Sophie apagou a app do Facebook no seu smartphone e bloqueou o site no seu computador para diminuir a tentação de aceder à rede social. “Após alguns dias notei que a minha lista de tarefas estava a ser cumprida mais rapidamente que o normal e que gastava o meu tempo de forma mais produtiva”, confessou, citada pelo Guardian.

A dinamarquesa concluiu que se sentiu mais calma por não existir aquela pressão de ir espreitar o seu feed de notícias. Durante a semana de teste, Sophie disse que acabou por ter mais conversas com os seus colegas de casa, que teve conversas mais longas ao telemóvel e que teve mais contacto com a família e amigos. “Soube bem saber que o mundo não acaba sem o Facebook e que as pessoas ainda são capazes de chegar até nós se o quiserem.”

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