Ray Kelly, o padre cantor que inflamou a Internet

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O padre na Igreja de St. Brigid, Oldcastle AFP/Paul Faith
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Ray Kelly mostra o disco de platina conseguido com o primeiro álbum AFP/Paul Faith
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Nas celebrações, o sacerdote não deixa de cantar AFP/Paul Faith
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O padre Keely com Biddu e Buddy ao colo AFP/Paul Faith
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Há quem venha de longe para conhecer o sacerdote cantor AFP/Paul Faith

Tudo começou há um ano, na celebração do matrimónio de uns paroquianos em Oldcastle, uma pequena cidade a 100 quilómetros de Dublin, Irlanda. O padre cantou o “Hallelujah” de Leonard Cohen, alguém gravou o momento em vídeo e este correu mundo através do Youtube.

Um total de 42 milhões de visualizações e, entretanto, um disco gravado que já ganhou a platina, o padre irlandês Ray Kelly, 62 anos, confessa que “foi a loucura”. “Nunca pensei que tal pudesse acontecer nesta fase da minha vida, quando já pensava reformar-me e, agora, de um momento para o outro, tenho uma carreira musical pela frente”, conta à agência de notícias AFP.

O padre Ray Kelly tornou-se um fenómeno internacional, atraindo milhares de fãs. “O vídeo já foi visto cerca de 42 milhões de vezes e continua a subir com cerca de 35 mil visualizações diárias”, explica o sacerdote com os seus cães de raça King Charles Spaniel, Biddu e Buddy, ao colo.

A Universal Music propôs-lhe um contrato para gravar o primeiro álbum – que vai sair esta semana nos Estados Unidos e na Austrália. Composto por canções celtas, religiosas e pop, o disco foi gravado em dois meses, num estúdio provisório criado propositadamente em sua casa, para não perturbar as suas funções clericais. Depois disso, o padre Kelly já viajou até à Grã-Bretanha, Alemanha e Estados Unidos para fazer a promoção do álbum. Está já previsto um novo disco para o Natal.

“Já conhecíamos as capacidades de cantor do padre Kelly. Nas suas missas, quando ele canta, encanta a assembleia”, declara Eileen O’Reilly, uma paroquiana, junto à Igreja de St. Brigid, onde Kelly trabalha.

Não foi a fama na Internet que o travou e recentemente foi aplaudido calorosamente depois de cantar “Amazing Grace”.

Ao sair da igreja, o sacerdote é abordado por uma senhora elegante que lhe lança: “Vim de Inglaterra para o ver”. “Eu ouço o padre Kelly e acho-o brilhante”, confessa Margaret Raw à AFP, depois de posar para uma foto com o padre da “voz maravilhosa”. “Eu estou de férias na Irlanda e tinha de o vir ver”, repete.

Mas há quem venha de mais longe. No Verão passado, vários turistas norte-americanos marcaram presença nas missas celebradas pelo pároco de St. Brigid. “Alguns chegavam ao aeroporto de Dublin no domingo de manhã, vinham a Oldcastle à missa das 11h30 e depois prosseguiam as suas férias. Eles queriam conhecer-me e ouvir-me cantar”, revela Kelly.

Antes de se tornar sacerdote, o jovem Ray, na década de 1970, fez cursos de canto e chegou a participar em concursos para jovens talentos nos pubs de Dublin. Também participou em musicais como, claro, “Jesus Cristo Superstar”.

Com o apoio do bispo, o padre explica que o seu exemplo tem sido bom para a Igreja Católica na Irlanda. Embora não faça referência às revelações de abusos sexuais e de pedofilia, Kelly diz: “É óptimo porque é uma história positiva sobre a Igreja depois de todas as coisas negativas que aconteceram”. E acrescenta que pode ser até uma inspiração para mais vocações sacerdotais.

Quanto ao dinheiro que vai ganhando, o sacerdote ainda não lhe tocou. “Sou um padre normal numa pequena cidade do campo irlandês e estou bem assim”, assegura. No entanto, espera poder ajudar várias associações de solidariedade e os seus 15 sobrinhos e sobrinhas. O dinheiro é um assunto que não o preocupa. “Não haverá um Lamborghini ou um iate à porta da igreja”, conclui.

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