Quem quer comprar o Yahoo?

Multinacional está à espera de receber propostas pelos principais negócios. A operadora Verizon e o tablóide Daily Mail confirmaram interesse.

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O futuro do Yahoo está longe de ser claro Karen BLEIER/AFP

São vários os nomes que têm surgido como eventuais interessados em comprar o Yahoo, mas poucos os que confirmaram oficialmente o interesse. A lista, no entanto, é um espelho da amálgama de serviços e produtos em que a empresa se tornou e do dilema que sempre teve entre apostar em desenvolver tecnologia ou conteúdos. Em qualquer dos casos, é um negócio a encolher.

Nesta segunda-feira termina o prazo para o Yahoo receber ofertas preliminares de empresas e investidores que queiram comprar as principais operações da multinacional americana, o que inclui o portal, o serviço de email, o motor de pesquisa (que usa tecnologia da Microsoft), vários sites de notícias e, assente em tudo isto, um negócio de venda de publicidade. A hipótese de venda é uma das opções encontradas pela administração para dar retorno a investidores que têm visto o dinheiro da publicidade (e a atenção dos utilizadores) fugir para empresas como o Google e o Facebook e, consequentemente, assistido a quebras no desempenho financeiro.

A operadora de telecomunicações Verizon está na curta lista dos que assumiram publicamente interesse em, pelo menos, olhar para as contas da multinacional. Uma aquisição viria na senda da aposta em conteúdos feita pela operadora americana no ano passado, quando comprou a AOL (tal como o Yahoo, esta é uma das empresas bem conhecidas dos primeiros tempos da web comercial, mas que entretanto se deixou ultrapassar). A aquisição custou então à Verizon 4400 milhões de euros. Em troca, recebeu os vários sites populares sob a alçada da AOL, o que inclui o generalista Huffington Post, e os conhecidos sites de tecnologia TechCrunch e Engadget.

Uma outra empresa que admitiu publicamente estar a pensar no assunto é o tablóide britânico Daily Mail. “Dado o sucesso do DailyMail.com e do Elite Daily [um site direccionado para jovens adultos e com conteúdo potencialmente viral], temos estado em discussões com várias partes que são potenciais licitadores”, afirmou o jornal, depois de o Wall Street Journal ter noticiado o interesse.

Entre os nomes que nos últimos dias foram sendo avançados pela imprensa americana, mas sobre os quais não há qualquer confirmação oficial, estão o rival Google, a cadeia de televisão CBS, a Time Inc (dona da revista homónima e de dezenas de outros títulos) e o banco japonês Softbank, que é o maior accionista do Yahoo Japão, uma empresa autónoma da multinacional americana, onde aquela instituição tem 36% do capital. Já a Microsoft, que em 2008 tentou comprar o Yahoo através de uma OPA hostil, tem aparecido nas notícias como uma potencial apoiante de outros investidores.

Quem quer que venha a comprar o Yahoo – se é que alguém – vai receber um negócio em declínio: a empresa projectou para este ano cerca de 4400 milhões de dólares de receitas, quando em 2015 facturou praticamente cinco mil milhões. A empresa está também a perder quota de mercado publicitário. Recentemente, a empresa fechou várias revistas online e tem despedido funcionários. Mas, por outro lado, continua a ter centenas de milhões de utilizadores e é uma marca conhecida, sobretudo nos EUA, onde é mais popular do que na Europa. A empresa vai apresentar resultados nesta terça-feira.

Se conseguir vender a componente operacional, o Yahoo ficará essencialmente com uma participação de 16% que tem na Alibaba, a gigante chinesa de vendas online, e com uma fatia de quase 36% no Yahoo Japão.

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