Polícia alemã prende suspeitos de gerar bitcoins fraudulentamente

Bancos centrais de França e China emitiram alertas sobre os riscos da moeda digital.

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Uma imagem criada em computador para representar bitcoins casascius

As autoridades alemãs detiveram duas pessoas suspeitas de criarem fraudulentamente bitcoins, a moeda digital cujo valor e popularidade disparou nos últimos meses.

De acordo com a polícia, os dois suspeitos, que foram detidos em zonas distintas do país, terão infectado vários computadores com software que lhes permitia controlá-los e usá-los para angariar bitcoins, sem conhecimento dos donos dos equipamentos. O esquema permitiu a angariação de bitcoins no valor de 700 mil euros.

As bitcoins são geradas automaticamente numa rede de computadores a que qualquer pessoa se pode ligar. As moedas são libertadas periodicamente e atribuídas ao primeiro computador que resolver uma espécie de problema matemático. Quem tiver mais poder de processamento, consegue resolver mais depressa os problemas e assim angariar mais bitcoins. Controlar uma rede de computadores permite usar o processamento de cada uma das máquinas.

As bitcoins existem desde 2008 e receberam desde então alguma atenção por parte de utilizadores e dos media, mas foi a crise bancária no Chile e os receios sobre a segurança das poupanças que marcou um ponto de viragem na popularidade da moeda. Vários serviços online e alguns estabelecimentos aceitam as bitcoins como pagamento, embora as empresas mais conhecidas de vendas online, como a Amazon, se tenham mantido afastadas deste género de pagamento.

O episódio alemão não é o primeiro de fraudes relacionadas com bitcoins e há relatos de casos em que moedas, que são armazenadas numa espécie de carteira digital, terão sido roubadas. Os dois detidos pelas autoridades alemãs estão também sob suspeita de violações de direitos de autor e actos ilícitos relacionados com a distribuição de pornografia, de acordo com a agência Associated Press de Berlim.

Já nesta quinta-feira, tanto o banco central francês como o chinês lançaram alertas em relação aos riscos desta divisa digital. “Mesmo que as bitcoins não sejam um veículo de investimento credível e por isso não coloquem um risco significativo para a estabilidade financeira, representam um risco financeiro para aqueles que as têm”, avisou o Banco de França. A instituição referiu que as pessoas que têm bitcoins podem ter dificuldades em trocá-las por dinheiro legal e que o dinheiro investido pode desaparecer rapidamente, caso o interesse dos utilizadores pelas bitcoins diminua. A instituição observou ainda que o carácter anónimo da moeda permite que seja usada em esquemas de lavagem de dinheiro e no financiamento de operações terroristas. Os bancos chineses foram proibidos de usar a moeda.

O valor das bitcoins tem sido muito volátil. No mês passado, ultrapassou a barreira simbólica dos mil dólares, na sequência de uma audiência no Senado americano sobre o tema. Nessa altura, o presidente da Reserva Federal Americana, Ben Bernanke, enviou uma carta aberta aos senadores onde, sem referir directamente a bitcoin, argumentou favoravelmente em relação a este tipo de pagamentos electrónicos: “Podem trazer riscos relacionados com a aplicação da lei e com assuntos de supervisão, [mas] também há áreas em que podem ser uma promessa de longo prazo, particularmente se as inovações promoverem um sistema de pagamento mais rápido, mais seguro e mais eficiente.”

Nesta quinta-feira, no site Mt.Gox, o principal para a venda e compra destas moedas, cada bitcoin valia cerca de 780 euros.

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