Para ouvir música

A qualidade do som que ouvimos é a música das nossas almas.

Como dinossauro que sou, nunca consegui ouvir música num iPod ou iPhone. Só consigo ouvir, sem mágoa e até, às vezes, com prazer, música que se parece com aquela (inteira) que se ouve no estúdio de gravação, antes de passar e de ser diminuída e comprimida para outros formatos, do vinil para o CD para pior.

A música tem de se ouvir no espaço que se tem. É preciso um DAC, um computador, um bom amplificador e duas boas colunas. Poupa-se dinheiro e tempo quando se vai a uma empresa de audiófilos como é a Ajasom da Damaia. 

Esta semana comecei a pagar, com grande satisfação, pelo sistema de streaming da Tidal. São suecos, minimamente hi-fi e só custam 14 euros por mês. 

Continuo com o Spotify Premium (que custa exactamente metade) porque tem muito mais reportório e uma falta de qualidade (320 kbps) que é um nico melhor do que o mais democrático e amplo iTunes (256 kbps). O Tidal dá 1411 kpbs: são 16 bits a 44.1 khz. É quatro vezes melhor do que o Spotify Extreme. Corresponde ao pobre mas aceitável estatuto dos CD de antigamente.

Para quem gosta de ouvir música no ar, o Tidal é um retrocesso aos anos 90 e ao som dos CD da altura. Para quem está habituado a ouvir música comprimida e facilitada, é uma revelação.

O Tidal tem muitos buracos e defeitos, mas tem o coração no lugar certo. A qualidade do som que ouvimos – atendendo ao pouco que somos capazes de ouvir – é a música das nossas almas.

Interrompe-se muito. Mas vai reacordando. Sempre.

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