Não há vidas normais

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Andávamos há semanas a pensar no que poderíamos fazer quando atingíssemos o número redondo de um milhão de seguidores no Facebook. Em 2009, quando pedimos ao Alexandre Martins para ser o primeiro editor de Comunidades do PÚBLICO, o jornal tinha um pequeno grupo de fãs, mas no núcleo duro digital todos sentiam que era urgente a redacção ter um jornalista 100% dedicado às redes sociais. Resultou. Em seis meses, crescemos de 16 mil seguidores para 100 mil.

Agora, quase sete anos depois, chegámos ao milhão.

E o que fazer com isso? Abríamos champanhe? Comprávamos um bolo? Pensámos então fazer um daqueles anúncios a piscar que prometem carros e viagens exóticas ao “leitor um milhão", com uma diferença: o nosso anúncio teria mesmo um prémio. “Até quando parece mentira, o PÚBLICO diz a verdade!”, disse o João Ribeiro, director de desenvolvimento da Fuel Publicidade, com quem trabalhámos, a meio do brainstorming. Mas que prémio? Não temos carros nem bilhetes de avião para oferecer. O nosso “negócio” é jornalismo. Sabemos escrever notícias e contar histórias. E sim, acreditamos – na boa tradição do jornalismo americano – que todas as pessoas têm uma história para contar, por mais normal que seja a sua vida.

Há 20 anos, a CBS lançou o programa Everybody Has a Story que contou 120 histórias de pessoas normais. Steve Hartman, o jornalista, demonstrou que era possível encontrar belas histórias de forma totalmente aleatória. Chegava a um lugar, abria uma lista telefónica, fechava os olhos e pousava o dedo numa linha. O nome apontado seria a pessoa desafiada a falar. No fim, pedia ao entrevistado que atirasse, também sem ver, uma seta para um mapa dos EUA – a seta definia o local da história seguinte. 

No nosso caso, a seta veio na forma de um clique. O de Cristina Ferreira de Castro, uma designer de 37 anos. Tivemos sorte. Saiu-nos uma mulher de coragem. Porque todos têm uma história, hoje contamos a de Cristina. Para celebrar o nosso milhão.

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