Majora prepara novo regresso às prateleiras em 2016 e com jogos para smartphones

Processo judicial atrasou a compra por parte do The Edge Group das 13 marcas da emblemática empresa de brinquedos.

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Majora foi pioneira no fabrico de brinquedos Patrícia Martins
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Majora foi pioneira no fabrico de brinquedos Patrícia Martins

Mais de 75 anos depois de ter sido fundada por José António de Oliveira, a Majora vai regressar às lojas no primeiro semestre de 2016 não só com os tradicionais jogos de tabuleiro, mas com um novo segmento de negócio: jogos para smartphones. A empresa de brinquedos encerrou a fábrica no Porto em Março de 2013 e as 13 marcas que detinha, assim como o espólio do museu, foram adquiridas o ano passado pelo fundo de investimento Edge Ventures, holding do The Edge Group, por 600 mil euros.

A intenção era relançar a Majora no final do primeiro semestre do ano passado, mas um processo judicial atrasou a passagem de propriedade das marcas (detidas pelo Montepio) para o grupo liderado por José Luís Pinto Basto. Um antigo trabalhador da Majora “avançou para uma penhora sobre as marcas” e enquanto o caso não foi resolvido o The Edge Group não conseguiu avançar com a estratégia de relançamento, para a qual tem destinado um milhão de euros. Resolvido o impasse, foi agora possível registar as marcas em nome dos novos donos, que têm no seu portefólio de investimentos a Labrador (vestuário masculino) ou a Nutri Ventures (entretenimento infantil).

O regresso da Majora estará assente em colaborações com outras empresa, que vão desenhar e produzir os novos brinquedos. Catarina Jervell, ex-directora de excelência operacional da PT Empresas, será a presidente executiva e espera “fechar até ao final deste ano as duas ou três primeiras parcerias”, adianta. “Mais do que criarmos de raiz novos jogos ou reedições, queremos que a base actual seja muito mais rica”, explica, por seu lado, José Luís Pinto Basto. “A estratégia é desafiar parceiros com capacidade criativa e produtiva, já estabelecidos, para que se juntem a nós. Lançamos o produto deles com a marca Majora”, acrescenta. 

Além dos jogos de tabuleiro, que são a herança da empresa de brinquedos, serão lançados no mercado jogos para smartphones. “A Majora fez uma incursão muito tímida nos jogos digitais, mas se há concorrência no mundo físico, no digital é muito maior. Não pode haver entradas tímidas neste mercado”, diz José Luís Pinto Basto, antecipando que será feito “um grande esforço de visibilidade”. Tendo em conta a natureza destes produtos será possível colocá-los à venda “com alguma rapidez”.

Apesar do encerramento da empresa original, os jogos nunca saíram das prateleiras. A Majora tem um elevado stock nos seus armazéns e, por isso, foi possível mantê-la perto dos consumidores mesmo nos anos mais difíceis. Neste Natal continuará, por isso, a haver produtos disponíveis, embora “em quantidades muito pequenas”, admite o gestor.

A Majora foi pioneira em Portugal na produção de brinquedos e, da sua fábrica no Porto, saíram os primeiros jogos didácticos como os cubos da Carochinha, o Rapa o Tacho ou a Roda da Sorte. O Sabichão, por exemplo, foi inventado há 53 anos. Até à década de 1990 conseguiu produzir sob licença o Monopólio, editado pela Hasbro, e este tipo negócio passou a representar uma fatia importante das vendas. Personagens como o Ruca, o Noddy ou o Panda, utilizados nos jogos sob licença, deram estímulo à Majora.

“Os licenciamentos são fundamentais. Os contratos anteriores estão extintos mas já temos alguns super-heróis em vista”, revela José Luís Pinto Basto, dando como exemplo os desenhos animados Nutri Ventures.

Além de jogos, a Majora vai continuar a produzir brinquedos, material escolar ou roupa, sempre em parceria com terceiros e sem acordos de exclusividade. A construção de uma fábrica só irá acontecer se se justificar. 

Quanto ao espólio da histórica empresa, o The Edge Group acredita que é digno de "um grande museu". "Estamos à espera de uma oportunidade para o expôr", diz Pinto Basto.

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