O monumento interactivo de dois metros de altura, com a forma de um iPhone, colocado em frente a uma universidade em São Petersburgo, Rússia, em Janeiro de 2013, em homenagem ao antigo presidente-executivo da Apple foi retirado pelo mesmo grupo de empresas russas que financiaram a sua edificação, o ZEFS. A remoção aconteceu um dia depois do actual CEO da Apple, Tim Cook, ter tornado pública a sua orientação sexual.

Na passada quinta-feira, num artigo publicado na Bloomberg Businessweek, Cook assumiu publicamente a sua homossexualidade. “Tenho orgulho de ser gay e considero que ser gay foi um dos maiores presentes que Deus me deu”. Um dia depois, o ZEFS decidiu retirar o monumento em homenagem ao antecessor de Cook, que era heterossexual.

Num comunicado divulgado esta semana e citado pela Reuters, onde confirma a decisão, o ZEFS argumenta que o fez para respeitar a lei russa que bane a “propaganda gay”. "Na Rússia, a propaganda gay e outras perversões sexuais entre menores de idade são proibidas por lei", sublinha o ZEFS, observando que o memorial estava erigido "numa área de acesso directo a jovens estudantes".

A nota refere-se depois directamente a Tim Cook e à sua declaração pública para ser argumentado que o “monumento foi retirado em respeito à lei federal russa que protege as crianças de informação que promova a negação dos valores tradicionais da família”.

Em Junho do ano passado, a Rússia aprovou uma lei que prevê multas e penas de prisão para quem distribuir informação que promova a homossexualidade ou a pedofilia a pessoas menores de 18 anos. Em Janeiro deste ano, numa entrevista à BBC, o Presidente russo, Vladimir Putin, disse que naquele país os homossexuais não são discriminados no trabalho e defendeu que a lei aprovada em 2013 não prejudica nenhuma pessoa. "Eu próprio conheço pessoas gays. Somos amigos e não há qualquer preconceito", disse Putin.

Além da remoção do memorial a Steve Jobs, houve uma outra reacção ao anúncio de Tim Cook: Vitaly Milonov, um legislador conhecido pela sua campanha contra os direitos dos homossexuais em São Petersburgo e um dos nomes que estiveram na origem na lei anti-propaganda gay, apelou a que o presidente-executivo da Apple não receba autorização para entrar na Rússia. O ZEFS já se manifestou contra essa posição mas mantém que a lei que protege os valores tradicionais deve ser respeitada.

"O pecado não deve tornar-se a norma. Não há nada para fazer na Rússia para os que pretendam violar as nossas leis", continuou o grupo.