Governo cria grupo de trabalho para a Web Summit

Conferência já tem 30 mil inscritos para Novembro, diz organização. Objectivo do grupo é facilitar o diálogo com as entidades nacionais

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Evento é uma montra para startups que queiram fazer contactos com grandes empresas e investidores Enric Vives Rubio

O Governo criou um grupo de trabalho para acompanhar a organização da Web Summit, um enorme evento de tecnologia e empreendedorismo que terá este ano a primeira de três edições em Lisboa, depois de ter deixado Dublin numa decisão para a qual contribuiu a falta de apoio do Governo irlandês.A organização já contabiliza 30 mil inscrições.

Um despacho publicado nesta quarta-feira em Diário da República – e assinado por quatro ministros, incluindo António Costa – estabelece que “é criado um grupo de trabalho designado por Grupo de Trabalho Web Summit Portugal 2016 -2018, com o objectivo de assegurar a organização e a coordenação da Web Summit, em cada ano do triénio de 2016-2018”.

O grupo funcionará na dependência do secretário de Estado da Indústria (e um dos rostos do apoio público a startups em Portugal), João Vasconcelos. Integrará vários membros, não remunerados, designados pelo Governo, bem como por outras entidades estatais, entre as quais a AICEP (a agência para a promoção de investimento e comércio externo), o Instituto do Turismo de Portugal e a câmara de Lisboa. Inclui também um elemento da empresa irlandesa responsável pela conferência.

Questionado pelo PÚBLICO, João Vasconcelos explicou que se trata da formalização de uma estrutura de trabalho que já tem vindo a funcionar e que a ideia é facilitar o diálogo entre os organizadores irlandeses e as entidades portuguesas. “É garantir que passa a haver um interlocutor único”, sintetizou. O grupo de trabalho, adiantou, será também responsável por iniciativas relacionadas com empreendedorismo que serão feitas entre as edições da Web Summit.

A primeira edição em Portugal, e a estreia fora da Irlanda, está marcada para 7 a 10 de Novembro. Será palco para dezenas de palestras e serve como uma montra para startups que queiram fazer contactos com grandes empresas e investidores. Há também múltiplos eventos paralelos. De acordo com a organização, a Web Summit atraiu no ano passado 42 mil participantes. Para este ano são esperados pelo menos 50 mil – é um volume que terá impacto no turismo e serviços da capital (em Novembro do ano passado, dormiram, em média, 26 mil pessoas por dia nos hotéis da área metropolitana de Lisboa).

A relação dos organizadores com as autoridades portuguesas parece ser substancialmente mais próxima do que acontecia na Irlanda. A vinda para Portugal foi anunciada no ano passado, ainda pelo anterior Governo, e justificada pelo criador da conferência, Paddy Cosgrave, com as melhores condições oferecidas por Lisboa, especialmente no que diz respeito a questões logísticas, como o espaço (será no Meo Arena e na Feira Internacional de Lisboa), o número de hotéis e a capacidade para fornecer Internet a um grande número de pessoas. "É bom estar a trabalhar com tanta proximidade com o Governo português. Já temos 30 mil participantes inscritos para Novembro", disse Cosgrave ao PÚBLICO.

Pouco tempo depois do anúncio, Cosgrave viria a publicar uma então recente troca de emails com o gabinete do primeiro-ministro irlandês. A divulgação tornou público o desejo dos organizadores de se manterem na Irlanda em 2016 e nos anos seguites, e de obterem apoio governamental para concretizarem aquele plano. Os documentos, contudo, mostram um deteriorar das relações entre Cosgrave e o gabinete do primeiro-ministro, que culminaram com a mudança do evento para Portugal. A Web Summit nasceu em Dublin em 2010, com apenas 400 participantes.

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