Acontece periodicamente uma grande empresa tentar transformar o email, uma das ferramentas mais antigas e mais usadas na Internet. Nesta quarta-feira, o Google voltou à carga, ao apresentar o Inbox, uma caixa de correio inteligente, pensada sobretudo para telemóveis e que agrega emails, lembretes e informação recolhida pelo Google para tentar facilitar tarefas como apanhar um avião, marcar um almoço ou fazer uma encomenda.

O Inbox é uma aplicação que pode ser instalada em telemóveis Android (versão 4.1 ou superior) e em iPhones (com iOS7 ou mais recente). Também poderá ser usada em computadores que tenham instalado o Chrome, o browser do Google. O produto já é uma versão final, mas está disponível apenas por convite.

O Google pretende resolver problemas de produtividade gerados pela avalancha de emails que muitas pessoas recebem diariamente. “Recebemos mais emails do que nunca, e por vezes, a informação importante está oculta no meio das mensagens e as nossas tarefas mais importantes podem passar despercebidas – especialmente se tivermos a trabalhar com os nossos telefones”, escreveu o vice-presidente do Google Sundar Pichai, no blogue da empresa. “Para muitos de nós, a utilização do email tornou-se uma actividade diária que nos distrai daquilo que devemos fazer, em vez de nos ajudar a fazer o que realmente tem que ser feito”.

Uma das funcionalidades do Inbox agrupa mensagens semelhantes – por exemplo, todas as facturas electrónicas recebidas. O processo é parcialmente automático, mas pode ser configurado pelo utilizador. A aplicação também tenta seleccionar e destacar as partes mais relevantes das mensagens de email.

Uma outra funcionalidade permite criar lembretes e a ferramenta recolhe informação que possa ser útil para o utilizador cumprir uma determinada tarefa. Se foi criado um lembrete para reservar uma mesa num restaurante, o Inbox tenta apresentar o número de telefone do local, sem que o utilizador tenha de o procurar. Este tipo de informação utilitária já é frequentemente mostrado nos resultados das pesquisas, bem como na aplicação Google Now, um assistente pessoal digital.

Já uma opção de “silenciamento” faz com que a aplicação deixe de mostrar os emails e os lembretes, podendo ser determinada uma hora, bem como um local (quando se chegar ao escritório, por exemplo), para que estes voltem a ser apresentados.

O Gmail já tem algumas funcionalidades de agrupamento de emails. As mensagens podem ser automaticamente divididas em categorias, separando os emails promocionais e os emails enviados por redes sociais, por exemplo. A agenda online do Google também envia para a caixa de corrio lembretes dos eventos inseridos pelo utilizador. E há uma opção que agrupa e mostra primeiro os emails que o Google considera prioritários.

Não é a primeira tentativa da empresa para transformar o email. Muitas novidades foram sendo simplesmente acrescentadas ao Gmail e algumas permenecem de uso opcional. Porém, há cinco anos, o Google lançou uma ferramenta autónoma chamada Wave, que misturava o conceito de correio electrónico e de chat. O serviço foi cancelado um ano depois, por falta de adesão.

Também o Facebook já quis mudar o conceito de email. O serviço, criado em 2010, agregava vários tipos de mensagens, entre as quais as conversas na rede social e SMS, e oferecia uma conta de email com o endereço @facebook.com. Não teve sucesso.