Google apresentou um mundo cheio de Android

Dos carros às televisões, a empresa tem um sistema operativo para quase tudo.

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O Google mostrou novas plataformas de Android na conferência Google I/O Elijah Nouvelage/Reuters

O Google organizou esta quarta-feira uma conferência em que mostrou o que considera ser o futuro próximo: um quotidiano em que o sistema operativo Android, que começou por equipar telemóveis, se estende a relógios inteligentes, carros e à televisão. Alguns destes produtos já estão no mercado.

Na abertura do Google I/O, um evento destinado a programadores, a empresa começou pelo sector em que este sistema já é líder – o dos telemóveis – e apresentou o Android One. Trata-se de um conjunto de especificações para fabrico de smartphones, a que os fabricantes podem aderir e que tem como um dos objectivos a comercialização de aparelhos mais baratos e capazes de conquistar os países em que ainda muitas pessoas não fizeram a transição dos telemóveis convencionais, como é o caso das economias emergentes.

Estes telemóveis terão a versão do Android desenvolvida pelo Google, sem as aplicações e interfaces próprias que muitas marcas acrescentam nos seus modelos Android, numa tentativa de os diferenciarem da concorrência. O primeiro modelo será comercializado na Índia, por um fabricante local, com um preço abaixo dos 100 dólares.

O Google mostrou ainda relógios inteligentes – também chamados smartwatches – fabricados pela Samsung e a LG, que foram postos à venda nesta quarta-feira. Estes modelos têm instalado o Android Wear, a recente plataforma do Google para este tipo de aparelhos. A Samsung, que lidera o mercado de smartphones, já vende vários relógios, mas até agora estavam todos equipados com uma plataforma própria, chamada Tizen. Já o Moto 360, o relógio fabricado pela Motorola (comprada pelo Google) e que se distingue por ter o aspecto de um relógio analógico tradicional, será posto à venda apenas no Verão, ainda sem uma data definida.

O mercado dos relógios inteligentes ainda é muito pequeno, mas deverá crescer. Segundo números dados pela IDC ao PÚBLICO, foram colocados à venda no ano passado apenas 1,7 milhões destes equipamentos em todo o mundo. A estimativa é  que este ano o volume cresça para 3,8 milhões e seja de 10,9 milhões em 2015. Por comparação, só no primeiro trimestre deste ano seguiram para o retalho cerca de 282 milhões de smartphones.

Dos relógios, o Android saltou para a sala. Depois de já no ano passado ter lançado com sucesso o Chromecast, um pequeno dispositivo USB que liga televisões à Internet, o Google apresentou agora o Android TV, um sistema operativo para boxes de televisões, que permite pesquisar e aceder a conteúdos online. 

Os automóveis, por fim, são outro tipo de produto em que o Google não quer ficar de fora. A empresa demonstrou a integração entre um telemóvel Android e um carro desenhado para ser compatível com o sistema. Depois ligado o telemóvel ao carro, o utilizador tem acesso às aplicações e conteúdos do telemóvel, o que inclui mapas, serviço de GPS, músicas e um serviço de chamadas e SMS, em que as mensagens são lidas e podem ser ditadas. O sistema é controlado no ecrã sensível ao toque do carro, bem como através de comandos no volante e por voz. 

Os carros compatíveis com esta nova tecnologia já estão a ser desenvolvidos por empresas da Open Automotive Alliance, um grupo de marcas automóveis reunido pelo Google.

A empresa revelou também novidades para o Google Drive, o serviço de armazenamento de ficheiros online, que integra ferramentas de produtividade, como um editor de texto e folha de cálculo. A estratégia é aumentar a adopção por parte das empresas – muitas das quais usam ferramentas da rival Microsoft –, ao disponibilizar funcionalidades de segurança e gestão que tipicamente são procuradas pelas utilizadores empresariais. Por um preço de oito euros por mês por cada utilizadores, as empresas poderão ter um espaço ilimitado para armazenamento de ficheiros, sendo que cada um pode ter até cinco terabytes, muito mais do que os típicos documentos de trabalho.

“É a garantia de que o Google Drive cumpre todos os requisitos para as organizações”, disse ao PÚBLICO o responsável do Google por esta área em Portugal, Pedro Félix Mendes. A multinacional está há oito meses a trabalhar em Portugal para expandir a adopção empresarial do Drive.

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