Gary Vaynerchuk está-se nas tintas e não perde tempo

O autor de Vencer na vida fazendo o que mais gosta esteve na Web Summit, em Lisboa. Safou-se. Envelheceu bem como aquilo em que era especialista, o vinho.

Foto
Gary Vaynerchuk na Web Summit em Lisboa Pedro Fiúza/NurPhoto via Getty Images)

De T-shirt e ténis, Gary Vaynerchuk não tem tempo a perder. Está a andar de um lado para o outro no palco central da Web Summit, em Lisboa, onde veio passar quatro horas. Enquanto conta a sua história e as razões do seu sucesso, lança a pergunta: “Quantos de vocês ficam chateados quando outro ser humano vos telefona? Quem reagir assim, levante-se por favor.” 

Muitos se ergueram na gigantesca Meo Arena. “Aplaudam estes pioneiros”, porque estas pessoas perceberam a importância que nos nossos dias tem o TEMPO. “Temos tecnologia que nos permite mandar mensagens de texto a alguém e estamos a fazê-lo perder tempo, telefonando-lhe”, concluiu.

Isto serviu para o CEO da VaynerMedia, uma agência de social media, fazer uma analogia com a publicidade e concluir que os dias dos anúncios “que nos roubam tempo” têm os dias contados. Há ainda quem ouça publicidade entre as canções, quem leia artigos e folheie as páginas de publicidade a correr, quem desespere no computador e no telemóvel com os pop-ups [janelas que se abrem ao visitar-se um site] em que não se consegue clicar na cruzinha do lado e... quando finalmente conseguimos, vamos parar ao anúncio que tentávamos evitar a todo o custo. 

“Quando isso me acontece, acabaram de me roubar sete segundos. E eu quero esses sete segundos do meu tempo”, disse Gary Vaynerchuk, alertando que nas agências ficam muito contentes com a quantidade de clicks, não percebendo que as pessoas a quem isso aconteceu se estão nas tintas para os anúncios e pior, acabaram de ficar furiosas.

“Sem contar com os eventos desportivos em directo, quem não assiste à televisão quando está a ser transmitida?” Todos levantam as mãos. Hoje vemos televisão quando nos apetece através de uma gravação ou de plataformas como o Netflix, MEO Go, etc. e em vários suportes. “E quem carrega no botão para andar rápido na parte dos anúncios?”. Gary dá a própria resposta: todos, a não ser aqueles que deixaram cair o comando ao chão e, enquanto passam os anúncios, pegam no telemóvel e verificam o e-mail, mensagens de texto, etc.

“Trata-se de atenção”, berrou Gary Vaynerchuk ergendo o seu smartphone. “Este telemóvel é agora a televisão e a televisão é agora a rádio [de antigamente]. O Facebook, o Instagram ou o Snapchat são agora a ABC, a NBC ou a Sky. É para aí que, como empreendedores, deve ir a vossa atenção." Tal como está a ir a dos consumidores.

Gary Vaynerchuk arrebatou os que estavam a assistir à conferêcia. A primeira vez que o vi a fazer o mesmo foi em 2009, na Book Expo America, em Nova Iorque. Estava prestes a lançar o seu primeiro livro, Crush It!: Why NOW Is the Time to Cash In on Your Passion, que veio a ser publicado em português com o título Vencer na vida fazendo o que mais gosta. Passavam três anos desde que, para ajudar o negócio do pai, que era dono de uma loja de vinhos, tinha lançado a Wine Library TV, um videoblogue onde conseguia 80 mil visitas por dia. Aos 33 anos acabara de assinar um contrato com a HarperStudio para uma série de dez livros. Era um fenómeno numa época de profunda crise nos EUA, em que as editoras se voltavam para autores consagrados em vez de apostarem em novos. Um desconhecido dos meios tradicionais, graças à utilização que fizera da Internet e das redes sociais, tinha conseguido um contrato, que envolvia muito dinheiro, com uma editora tradicional.

Não se sabia se continuaria a ter o mesmo sucesso nesta área.

Passado estes anos, Gary é autor de vários best-sellers e acaba de publicar #AskGaryVee: One Entrepreneur's Take on Leadership, Social Media, and Self-Awareness, baseado no show que mantém no YouTube  (www.garyvaynerchuk.com).

É bem verdade que não perdeu tempo. 

 

 

Sugerir correcção
Comentar