Faceglória, a rede social sem pecado

Grupo de colegas de uma localidade de São Paulo cria alternativa ao Facebook, especialmente dirigida aos evangélicos.

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Página de entrada do Faceglória DR

Nuvens brancas mexem-se num fundo na página em que se insere o nome de utilizador e a palavra-passe. Ouve-se música gospel quando aparecem novas publicações dos amigos virtuais. E em vez do “gosto”, há um botão “Ámen”: bem-vindo ao Faceglória. É, assim, a nova rede social dirigida para os evangélicos brasileiros, que conta já com cem mil utilizadores num só mês e quer fazer concorrência ao Facebook.

"No Facebook, vemos muita violência e pornografia. Por isso, pensámos fundar uma rede onde possamos falar de Deus, do amor e partilhar a sua palavra” explicou à AFP um dos seus fundadores, o desenhador Atilla Barros.

Tudo começou há três anos quando ele e três colegas, também funcionários da prefeitura (câmara municipal) de Ferraz de Vasconcelos, a 27 km de São Paulo, entraram no Facebook e, segundo eles, se depararam com conteúdos ordinários.

Agora são proprietários desta rede social dirigida aos 42 milhões de evangélicos que vivem no Brasil, um país com 202 milhões de habitantes. Contaram com a ajuda, a título privado, do prefeito de Ferraz de Vasconcelos e formaram uma empresa que recolheu 16 mil dólares em doações para construir esta rede social.

A inscrição no Facegloria é gratuita, mas existem 600 palavras proibidas (palavrões, por exemplo), sendo vedados igualmente todos os conteúdos violentos e eróticos, além de fotos e vídeos de beijos entre homossexuais.

“Queremos ser melhores moral e estruturalmente do que o Facebook. O que queremos é que todo o público brasileiro evangélico se mude para o Faceglória”, disse Atilla Barros.

Nos bastidores, mais de 20 voluntários “patrulham” a rede social. Fotos em biquíni, selfies sugestivas e imagens de álcool e tabaco são avaliadas em função do contexto. “Mas os nossos utilizadores não publicam este tipo de fotos”, explica Daiane Santos, de 26 anos, que divide o seu tempo entre a secretaria da indústria e do comércio da autarquia e as seis horas diárias em que gratuitamente colabora com o Faceglória.

O Brasil, maior país católico do mundo, viu nos últimos anos aumentar o número de evangélicos. Em 1980, não eram mais do que 6% da população brasileira, representando agora 22%, enquanto a percentagem de católicos baixou de 90 para 63% no mesmo período.

Os livros mais vendidos no Brasil nos últimos dez anos são os diversos volumes da autobiografia de Edir Macedo, o fundador da poderosa Igreja Universal do Reino de Deus, proprietária do terceiro maior grupo de media do país.

“Nos próximos dois anos, queremos chegar ao 10 milhões de utilizadores no Brasil. Num mês conseguimos 100.000 e nos próximos dois esperamos um novo pico com o lançamento de aplicações para os telemóveis”, explica Atilla Barros.

O prefeito Acir dos Santos, dono da empresa que detém o Faceglória, vai ainda mais longe. “A nossa rede é mundial. Comprámos o domínio Faceglory em inglês e em todas as línguas possíveis e imaginárias. Queremos incomodar o Facebook e o Twitter no Brasil e no mundo inteiro.”

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