Facebook pede desculpas por manipular feed de notícias para fazer estudos

Rede social justifica-se ante os utilizadores, dizendo que realiza investigações porque quer melhorar o seu funcionamento.

Foto
O Facebook foi criticado por ter realizado o estudo sem informar os seus utilizadores Thierry Roge/Reuters

Três meses depois de ter sido revelado o polémico estudo do Facebook sobre a forma como os utilizadores reagiam a conteúdos negativos e positivos no seu feed de notícias para determinar se havia contágio emocional, a rede social apresentou um pedido de desculpas. Assinado pelo chefe do departamento de tecnologia da empresa, o pedido revela que foram alterados os métodos para experiências que envolvam os utilizadores do Facebook, através de novas directivas de como devem ser realizadas estas investigações.

No final de Junho, eram apresentadas as conclusões de um estudo feito a 689.003 utilizadores da rede social. Ao longo de uma semana foram expostos a conteúdos menos negativos ou menos positivos do que o habitual nos seus feeds de notícias. A investigação concluiu que, ainda que de forma pouco significativa, o comportamento dos utilizadores alterava-se.

As críticas ao trabalho multiplicaram-se, desde a forma como o estudo foi realizado ao facto de os utilizadores não estarem informados de que estavam a ser sujeitos a uma investigação ou à dúvida de que quantidade de informação pessoal foi usada para chegar aos resultados apresentados ao Facebook. O Information Commissioner’s Office, o equivalente no Reino Unido à Comissão de Protecção de Dados portuguesa, anunciou mesmo que iria investigar a forma como o trabalho foi desenvolvido.

Em Março, um outro estudo era revelado, mais uma vez para analisar o possível contágio emocional nas redes sociais, principalmente no Facebook, parceiro na investigação ao lado de duas universidades. “Este é o primeiro estudo que demonstra que o mundo online pode estar a criar uma sincronia emocional global. Isso significa que devemos esperar e prepararmo-nos para uma maior volatilidade nas coisas que são afectadas pelas emoções, como sistemas políticos ou mercados financeiros”, concluiu o trabalho. 

Esta quinta-feira, numa nota publicada na página de notícias do Facebook, o responsável Mike Shroepfer sublinha que a empresa realiza investigações “para melhorar os produtos e serviços que desenvolve e disponibiliza a cada dia”. “Estamos empenhados em fazer investigação para tornar o Facebook melhor, mas queremos fazê-lo da forma mais responsável possível”, acrescenta.

No caso do estudo que acabou criticado, a rede social alega que considerou “importante” analisar as reacções emocionais dos utilizadores, “para ver o que poderia ser alterado no Facebook”. Mas a empresa admite que “não estava preparada para as reacções ao estudo”. “É claro agora que houve coisas que podíamos ter feito de forma diferente. Por exemplo, devíamos ter considerado outras formas não experimentais para fazer essa investigação”, escreveu Mike Shroepfer.

Para tentar evitar que no futuro o Facebook venha a ser de novo criticado pelos seus métodos de investigação, a rede social determinou uma série de orientações para as equipas que realizam estudos. Sem especificar que directivas devem ser seguidas, a empresa indica apenas que os trabalhos a realizar devem ser alvo de revisão, a ser feita por um painel de especialistas seniores na área de investigação, que deve ser ainda apoiado pelos departamentos de engenharia, jurídico e de privacidade.

Os novos engenheiros e técnicos do Facebook vão ser sujeitos a uma formação ao longo de seis semanas e as investigações feitas pela rede social ou por académicos relacionadas com a empresa estão disponíveis numa só página.

Sugerir correcção
Comentar