Facebook lança Instant Articles e entra a sério no jornalismo versão móvel

Rede social tem a partir desta quarta-feira “um produto para os editores criarem artigos mais rápidos e interactivos no Facebook”, disponível para iPhone.

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Imagem do feed do Instant Articles Facebook

Milhões de pessoas já recorriam ao Facebook para ter acesso às notícias de última hora, partilhadas por jornais ou canais de televisão através das suas páginas. A rede social deu agora um passo para tornar a experiência mais rápida e interactiva e lançou a funcionalidade Instant Articles, qualquer coisa como artigos instantâneos. No âmbito de uma parceria estabelecida com o Facebook, nove editores passam, a partir desta quarta-feira, a publicar directamente conteúdos noticiosos na rede social a que se pode aceder nos dispositivos móveis de uma forma dez vezes mais rápida e com uma leitura mais simples.

Os rumores de que o Facebook pretendia ter directamente artigos noticiosos na sua página já se arrastavam há muito e, no final de terça-feira, a empresa de Mark Zuckerberg encerrou o assunto com o anúncio de uma parceria com os norte-americanos The New York Times, National Geographic, BuzzFeed, NBC e The Atlantic e os europeus The Guardian, BBC News, Spiegel e Bild, cujos artigos seleccionados podem ser consultados através da app do Facebook para iPhone.

Num post, o gerente de produto da rede social, Michael Reckhow, anunciou a Instante Articles, “um novo produto para os editores criarem artigos mais rápidos e interactivos no Facebook”, numa altura em que cada vez “mais pessoas acedem a notícias nos seus dispositivos móveis” e muitos dos utilizadores da rede social partilham conteúdos noticiosos a partir do seu perfil, principalmente através da aplicação do Facebook para smartphones e tablets.

A empresa fez as contas e diz que, em média, são precisos oito segundos para descarregar uma notícia e a ter acesso à mesma. Com a nova função, a “experiência de leitura torna-se até dez vezes mais rápida do que nos tradicionais artigos para web móvel”, deixando de ter que se abrir notícias em sites externos à rede social. Isto para o utilizador/leitor.

Aos editores, o Facebook oferece a possibilidade de tornar os seus conteúdos interactivos, através de fotografias, vídeos, mapas ou áudio, com contributos para o artigo do próprio jornalista ou de uma das pessoas visada na notícia ou reportagem. A parceria torna-se mais interessante para os nove editores que embarcam na aventura facebookiana por terem a possibilidade de vender publicidade juntamente com os artigos que publicam através da rede social.

O New York Times revela que, no âmbito a parceria, os editores podem vender e incorporar publicidade nos artigos, mantendo todas as receitas, ou permitir que seja o Facebook a vender os anúncios. Neste caso, a rede social fica com 30% dos rendimentos obtidos. Michael Reckhow sublinha no anúncio de Instant Articles que os editores podem “ter controlo sobre suas histórias, a experiência de marca e oportunidades de monetização”. Ou como resume o director de produto do Facebook, Chris Cox, a Instant Articles permite ao editores avançarem com “artigos de forma mais rápida e interactiva enquanto mantêm o controlo sobre os seus conteúdos e modelos de negócio”. Através da nova funcionalidade, a rede social permite ainda aos editores que reúnam dados sobre o número de utilizadores que acedem aos seus artigos.

Para a estreia de Instant Articles, foi lançada uma série especial de artigos do The New York Times, BuzzFeed, National Geographic, NBC e The Atlantic. Para já, os nove editores pretendem publicar poucos artigos por semana, uma situação que poderá ser alterada consoante o feedback inicial. “Vamos continuar a desenvolver a Instant Articles com os nossos parceiros ao longo dos próximos meses e ouvir o feedback dos leitores para nos ajudar a melhorar a experiência”, remata a empresa.

Na nota do Facebook, directores dos jornais norte-americano New York Times (NYT) e do britânico The Guardian antecipam o que esperam desta parceria. O presidente e CEO do NYT, Mark Thompson, sublinha que o jornal tem uma “audiência crescente no Facebook” mas que pretende aumentar o número de seguidores e “melhorar a experiência” de leitura dos artigos do jornal e “aprofundar o envolvimento” dos utilizadores/leitores com o NYT.

“O The Guardian está ansioso para testar como a nova plataforma pode fornecer uma experiência ainda mais envolvente para os nossos leitores”, afirma Tony Danker, director internacional do Guardian News & Media. Danker sublinha, no entanto, que “é vital que, ao longo do tempo, a Instant Articles ofereça benefícios recorrentes para os editores, cujo investimento contínuo em conteúdos originais sustenta o seu sucesso”.

Com mais de 1400 milhões de utilizadores em todo o mundo, grande parte a aceder à rede social em smartphones, o Facebook reúne a atenção que qualquer negócio deseja. “É ali que está a audiência. É demasiado grande para ser ignorada”, sublinha ao NYT Vivian Schiller, antiga executiva na NBC, New York Times e Twitter, que agora aconselha empresas de media e marcas sobre como se promover junto do mercado. James Bennet, chefe de redacção do The Atlantic, reforça essa ideia. Se por um lado, os editores “perdem o controlo sobre o meios de distribuição”, por outro estão a tentar com esta parceria que os “artigos cheguem ao maior número de pessoas possível, e em simultâneo continuar a criar um público fiel e entusiástico”.

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