Facebook já fez tudo desde que entrou em bolsa, menos valorizar as acções

A rede social teve um ano atarefado depois oferta pública de venda: lançou novos produtos, apostou nos dispositivos móveis e aumentou os lucros. Mas os primeiros investidores ainda estão a perder dinheiro.

Mark Zuckerberg a dar o aranque simbólico para a abertura do Nasdaq
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Mark Zuckerberg, ladeado pela directora de operações, Sheryl Sandberg, e pelo director do Nasdaq, Robert Greifeld, no arranque simbólico da sessão do Nasdaq de 18 de Maio de 2012 Reuters
Mark Zuckerberg apresentou a funcionalidade que permitirá relacionar os conteúdos que existem dentro da rede social
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A 15 de Janeiro, o site apresentou a nova pesquisa interna Stephen Lam/Getty Images/AFP
Zuckerberg na apresentação do Home, na Califórnia
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Vencedor: este ano, o Facebook conseguiu tornar as plataformas móveis numa importante fonte de receita Robert Galbraith/Reuters
O Instagram não tem qualquer fonte de receita
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A empresa completou a compra do Instagram a 6 de Setembro Justin Sullivan/Getty Images/AFP
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A 4 de Outubro, Zuckerberg anuncia que a rede chegou aos mil milhões de utilizadores mensais JOEL SAGET/AFP

Há um ano, o Facebook fez uma entrada em bolsa marcada por uma procura muito abaixo do esperado, por problemas técnicos que atrasaram o início das transacções no Nasdaq e por suspeitas de que informação privilegiada tinha sido ilegalmente passada a alguns grandes investidores. Mas a expectativa era tão grande que um ou outro órgão de comunicação não se conformaram imediatamente à realidade e ainda chegaram a noticiar a operação como tendo sido o estrondoso sucesso que praticamente toda a gente antecipara, erradamente.

Para o Facebook, porém, o dia não foi inteiramente mau. Vendeu um pouco mais de 15% da empresa, encaixou 16 mil milhões de dólares e conseguiu uma capitalização de 104 mil milhões – cerca de mil vezes mais do que as receitas dos 12 meses anteriores.

Um ano depois, a empresa está longe da valorização da estreia. As acções fecharam o primeiro dia nos 38,23 dólares, praticamente o preço da oferta, e mesmo isso foi conseguido apenas graças às compras feitas pelos bancos responsáveis pela operação. Este mês, as acções andaram em valores entre os 25 e os 29 dólares. Mark Zuckerberg, porém, está a esforçar-se por cumprir o que disse quando tocou simbolicamente o sino de abertura do Nasdaq, a 18 de Maio de 2012: “A nossa missão não é ser uma empresa cotada. A nossa missão é tornar o mundo mais aberto e ligado.”

Os últimos 12 meses foram atarefados para a rede social, que lançou uma panóplia de produtos, alguns dos quais em fase experimental: diversificou os mecanismos publicitários, está a testar fontes de receita para além dos anúncios (por exemplo, cobrar por mensagens a celebridades e utilizadores que não sejam “amigos”), deu os primeiros passos para uma pesquisa social que rivaliza em certos aspectos com o Google e lançou uma superaplicação para alguns telemóveis Android que toma conta da experiência de utilização do aparelho.

Pouco antes de entrar em bolsa, umas das adendas feitas aos documentos entregues ao regulador americano nomeava os acessos em dispositivos móveis como um problema em termos de rentabilização. Desde essa altura, muito mudou nas contas do Facebook.

No final do primeiro trimestre deste ano, a empresa comunicou 1458 milhões de dólares de receitas (uma subida de 38% face ao mesmo período do ano passado) e 219 milhões de lucros (mais 7%). Quase toda a receita provém da publicidade e, aqui, 30% vem de anúncios em tablets e smartphones. No início do ano passado, não havia sequer publicidade nestas plataformas.

Em estimativas para o mercado dos EUA, a firma de análises eMarketeer aponta que o Facebook deverá acabar 2013 com 965 milhões de dólares de receitas publicitárias em dispositivos móveis, valor que deverá crescer 190% até 2015. Porém, o líder Google, segundo esta analista, terá nesse ano 9294 milhões de dólares de receitas em plataformas móveis, um crescimento de 230% face a este ano.

Problema de fadiga?
Outro dos desafios que o Facebook já admitiu, pelo menos parcialmente, é o do cansaço dos utilizadores, particularmente dos jovens, que estão mais à vontade para experimentar e aderir a serviços alternativos: aplicações como o Viber e o WhatsApp para trocar mensagens, o Instagram (que o Facebook comprou) para partilhar fotografias e o Twitter para aceder a notícias.

A expressão “fadiga do Facebook” tornou-se frequente nas notícias nos últimos meses, mas a maioria dos artigos assenta em observações casuais de utilizadores adolescentes ou com vinte e poucos anos que passam menos tempo na rede social, onde também estão os pais e outros familiares. Por outro lado, a empresa de análises Nielsen notou um ligeiro decréscimo de acessos ao site nos EUA e uma estagnação no Reino Unido ao longo de 2012 – mas não mede os acessos nas aplicações.

No relatório anual, apresentado em Fevereiro, o próprio Facebook referiu a questão, notando que os utilizadores, particularmente os “mais novos”, estavam a “interagir activamente com outros produtos e serviços semelhantes, ou que servem de substituto, ao Facebook”. Mas também já afirmou publicamente que os mais novos continuam a ser os mais activos.

O site tem hoje mais de mil milhões de utilizadores. Destes, 665 milhões acedem diariamente. O que significa que aproximadamente um terço de todos os utilizadores da Internet (e 11% de todas as pessoas no mundo) não passa um dia sem ir ao Facebook.

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