Oito em cada dez jovens já bloquearam alguém na rede

Estudo concluiu que os jovens portugueses têm um controlo activo das suas contas na Internet, e protegem os seus dados na rede: a maioria bloqueia desconhecidos e pede ajuda em situações sensíveis. Campanha de prevenção do Facebook arranca esta quinta-feira.

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REUTERS/Dado Ruvic

Em parceria com a plataforma MiudosSegurosNa.Net, o Facebook lançou esta quinta-feira uma campanha de sensibilização para os perigos da Internet, com advertências e ferramentas para um uso mais seguro da web. “Pensa antes de partilhar” baseou-se nos resultados de um inquérito feito a mil jovens, com idades entre os 14 e os 18 anos, e que permitiu definir os seus comportamentos nas redes sociais para melhor contornar as ameaças à sua privacidade.

Levado a cabo pela empresa Netsonda no Verão do ano passado, o estudo Jovens portugueses e o uso das plataformas sociais na Internet questionou os jovens sobre o controlo que mantêm das suas contas, como procederiam em caso de ameaça e como encaram a privacidade na rede e o problema de cyberbulling. Antes de mais, os resultados mostram que este jovens entre os 14 e 18 anos têm em média três contas em redes sociais. 

Na generalidade, conclui-se que os adolescentes têm consciência dos contornos e riscos da exposição online. Um dos dados que comprovam essa percepção é o facto de 80% deles já terem bloqueado ou rejeitado "amizades" na rede - e são as raparigas as que mais bloqueiam, sobretudo quando se trata de estranhos. 

“Este estudo demonstra que os jovens se preocupam cada vez mais com a privacidade, mas também prova que, às vezes, em certos momentos ou sem dar conta, podem partilhar conteúdos prejudiciais para outras pessoas e gerar situações indesejadas”, afirma em comunicado Natalia Basterrechea, relações públicas do Facebook em Portugal.

Quase todos estes jovens (94%) reconhecem que não é correcta a publicação de fotografias negativas ou embaraçosas de terceiros e 69% consideram que não é correcto publicar fotos sem autorização "mesmo que boas". Correndo mais riscos, apenas metade dos inquiridos afirma que nunca revelaria a senha da sua conta. 

De acordo com o mesmo inquérito, mais de metade já pediu para que fossem apagados conteúdos partilhados na rede a seu respeito e considera importante falar com os outros antes de publicar conteúdos que os possam prejudicar. O estudo avança ainda que 5% dos inquiridos passaram este ano por situações incómodas nas redes socias, dos quais apenas 1,5% consideram que os casos foram graves. E se acontecesse alguma coisa que os incomodasse? O estudo revela que 75% pediam ajuda, sendo que os pais seriam os mais procurados (54%) para ajudar a resolver a situação. 

Foi com base nestes dados que a campanha definiu estratégias sobre como lidar com a privacidade dos dados, como reagir perante exposição indesejada e qual a melhor maneira de proceder antes de publicar qualquer conteúdo. Estas informações são também dirigidas aos pais, a quem a maior parte dos jovens admite recorrer no caso de ser incomodado na Internet.

O guia de três páginas “Pensa antes de partilhar” foi já implementado em países estrangeiros, da Índia ao Canadá, e estará disponível online no Centro de Segurança para famílias do Facebook, propondo formas de manter a privacidade dos utilizadores e apresentando soluções para contornar partilhas inadequadas ou ofensivas.

“É importante que unamos esforços para continuar a ajudá-los a fazer um uso cada vez mais responsável da Internet. Foi esse o principal objectivo deste guia ‘Pensa Antes de Partilhar’: oferecer-lhes ferramentas para que partilhem de forma segura e apropriada”, revela Natalia Basterrechea.

O projecto MiudosSegurosNa.Net, que promove junto da comunidade campanhas de sensibilização para minimizar os riscos da exposição de menores no mundo virtual, sobretudo com acções em escolas, tornou-se parceiro da iniciativa da mesma forma que, em 2012, apoiou a Google na criação do “Centro de Segurança Familiar”.

Numa cooperação com seis instituições, este é um projecto dedicado à navegação segura com conselhos sobre software e ferramentas que permitem aos educadores limitar o conteúdo das aplicações e filtrar por temáticas a informação disponibilizada pelos motores de busca.

Estas empresas digitais passam a ter de responder às directivas comunitárias dos países da União Europeia que aprovou, em Dezembro do ano passado, uma revisão à regulação de protecção de dados proposta pela Comissão e que veio criar uma lei pan-europeia que obriga todas as empresas estrangeiras a operar na UE a respeitarem as normas internas de protecção de dados.

A reforma veio ainda dar margem aos cidadãos para protegerem informação pessoal e controlarem o uso dos seus dados por parte das empresas, que passam a poder ser eliminados se assim for desejado. A directiva comunitária continua a obrigar crianças menores de 13 anos - a idade mínima para criar conta no Facebook - a terem uma autorização parental para aderir a redes como o Snapchat e o Instagram.

A proposta inicial era que essa obrigatoriedade fosse aplicada até aos 16 anos, mas com a controvérsia gerada pelas empresas, e pelas organizações de protecção dos direitos das crianças, a União Europeia deixou em aberto a opção a cada Estado-membro para baixar de 16 para 13 a idade mínima permitida para o acesso a dados sem autorização de terceiros.  

Texto editado por Hugo Daniel Sousa

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